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O Núcleo de Estudos da Violência (NEV) realizará debates em parceria com a Universidade de Artes de Londres sobre violência tecnológica em setembro. Tratando sobre a manutenção dos direitos do cidadão com os avanços em tecnologia, a partir da análise de tecnologias de vigilância, de veículos autônomos e sistemas de armas, a proposta da discussão se baseia nos impactos dessas ferramentas atualmente.
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O pesquisador associado do Núcleo de Estudos da Violência e responsável por alguns dos painéis do evento, Alcides Eduardo Peron, destaca que o objetivo dos debates é “observar o papel de certas tecnologias que reproduzem formas de violência contemporânea”, sendo ela de cunho direto ou indireto, ao reproduzir desigualdades e apresentar vieses segregacionistas. O problema possui relação com a adoção de sistemas que não passaram por um “crivo social” e “análise de risco”, que não costumam passar por avaliações.
Com o crescimento de pesquisas e estudos nesse sentido, a discussão também é complementada com os impactos da tecnologia, a partir do ponto de vista filosófico e teórico da relação entre tecnologia e violência e de uma análise localizada sobre o tema, tanto no setor de segurança pública quanto nos setores penais brasileiros.
Ele explica que o crescimento do uso de sistemas de algoritmos em sistemas de vigilância e monitoramento proporciona um aumento da complexidade das tecnologias existentes. Para o funcionamento desse tipo de tecnologia, é preciso a coleta de dados, já que softwares de inteligência artificial são “munidos de dados que fornecemos, muitas vezes de forma inconsciente, para plataformas comerciais”. Assim, estas podem reproduzir violência e vieses, por estarem “carregadas de valores e fissuras da própria sociedade em seu aparato sociotécnico de tecnologia, assim como salienta Peron.
Controles de mecanismo
O crescimento de números de leis reguladoras, como as Leis Gerais de Proteção de Dados, acompanha o crescimento da discussão sobre segurança. Porém, no opinião de Peron, ainda é preciso desenvolver legislações específicas baseadas em inteligência artificial, uma vez que elas têm sido fundamentais para a criação de sistemas de vigilância e monitoramento.
Em conjunto com uma observação mais acurada dessas tecnologias e seu funcionamento no cotidiano, ele também diz ser necessário pensar nas estruturas e instituições sociais envolvidas no desenvolvimento da tecnologia. Por isso, é fundamental pensar em organizações civis, atuando como denunciantes do mau funcionamento e mau uso desses sistemas. “Elas [tecnologias] são adaptadas às realidades sociais e funcionam de acordo com a realidade que são embutidas, portanto, mudam a partir do contexto no qual elas foram desenvolvidas”, finaliza o pesquisador.
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