Sociedade tem participação na constituição das redes digitais

Pesquisa analisa as relações de poder no meio virtual e a participação da sociedade, apesar das desigualdades

 20/02/2019 - Publicado há 5 anos
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A pesquisa Redes digitais, espaços de poder trata dos conflitos na reconfiguração da internet e as estratégias de apropriação civil. Parte do pressuposto de que a internet é um dispositivo não apenas indissociável do espaço geográfico, mas principalmente tecido a partir das relações espaciais e sociotécnicas que produzem o efeito de reconfiguração da geografia da internet, enquanto espaço em movimento. Para falar sobre o assunto, o Jornal da USP no Ar conversou com a autora do trabalho, Carolina Batista Israel, doutoranda do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.

De acordo com Carolina, a ideia inicial para o trabalho era trazer um olhar geográfico sobre as questões das redes digitais. Ela queria entender como essas redes digitais e a internet alteram o espaço geográfico, fato que surge a partir das relações de poder. O principal foco da pesquisa foi a “investigação da capacidade que a sociedade civil tem de participar desse processo de constituição das redes digitais”, conta.

No meio digital também há desigualdades. Carolina explica que a taxa de acesso à internet em países desenvolvidos chega a 80% da população, enquanto  em países subdesenvolvidos a taxa cai para a metade, cerca de 40%. “O que a gente observa em termos de estratégias e da atuação da sociedade civil nesse aspecto é que elas estão presentes tanto nos países desenvolvidos quanto nos países subdesenvolvidos”, explica.

A pesquisadora também explica que nem sempre a acessibilidade permite acesso à informação de qualidade. Algumas conexões, na realidade, degradam a qualidade do acesso. “Hoje a gente tem políticas de franquias de dados em que os usuários têm acesso apenas às chamadas das matérias.” Esses fatores precarizam o acesso à informação. No entanto, Carolina também faz uma ressalva no excesso de informação. Para ela, isso torna as pessoas meras possuidoras desses conteúdos, gerando passividade diante da informação.

Algumas propostas de conectividade comunitária estão presentes através de troca de mensagens por aplicativo, rádios comunitárias e produções audiovisuais. Isso torna as comunidades produtoras de conteúdo. “Ela entra como uma proposta de transformação de um estado de passividade para um estado de produção”. Além disso, ela também explica que há uma outra dimensão das redes digitais presente nos códigos – os softwares – que organizam o espaço interno. “Controlar esses espaços virtuais é algo importante para definir como vão ocorrer as relações no seu interior.”


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