Relatório mundial alerta para os riscos da obesidade infantil no Brasil

Segundo o World Obesity Atlas 2022, até 2030 a obesidade infantil será considerada uma epidemia mundial

 04/10/2022 - Publicado há 2 anos
Para que a doença não se perpetue na idade adulta, a prevenção da obesidade infantil é necessária
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O relatório mundial da obesidade (World Obesity Atlas 2022) deste ano projetou que, até 2030, o mundo passará por uma epidemia de obesidade e o Brasil terá 7,7 milhões de crianças obesas. Ele também estima que cerca de 23% das crianças entre 5 e 9 anos e 18% dos adolescentes de 10 a 19 anos serão afetados pela doença. 

Esta é uma doença multifatorial, que pode estar ligada ao estilo de vida e hereditariedade, além da alimentação inadequada. Quando acomete crianças, a professora Louise Cominato, médica da Unidade de Endocrinologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, alerta que a obesidade pode se desdobrar em problemas de saúde e pode até levar a algum tipo de câncer.

Louise Cominato – Foto: Arquivo pessoal

Para que a doença não se perpetue na idade adulta, a prevenção da obesidade infantil é necessária. Assim, a médica destaca dois principais focos de atenção, que envolvem as escolas e o ambiente familiar e as refeições nesses locais. O principal problema está relacionado ao descontrole da alimentação, bem como à qualidade da merenda disponibilizada pelas escolas e o trabalho de conscientização do consumo de alimentos saudáveis. 

Sobre isso, ela adiciona: “Hoje, a merenda está muito mais focada na desnutrição do que na alimentação saudável, oferecendo uma refeição hipercalórica, que pode ser a única refeição para a criança desnutrida, mas, para a criança com obesidade, essa refeição representa um potencial calórico a mais”. O Brasil sofre com ambos os casos. 

Também para a obesidade o sedentarismo é um fator agravante. A professora relaciona a menor locomoção e a prática de exercícios físicos ao aumento da obesidade tanto para adultos como em crianças. Independentemente da queda da prática de atividades físicas nas escolas e no dia a dia, além da questão que envolve o isolamento da pandemia de covid-19, ela recomenda que “as crianças devem fazer atividades físicas ao menos cinco vezes por semana, durante 40 minutos”. 

O que deve ser feito 

A prevenção é um dos principais mecanismos de evitar a obesidade infantil, bem como os desdobramentos da doença, tais como a diabete tipo 2, hipertensão, aumento do colesterol e a gordura no fígado. Também é fundamental a ação conjunta, tanto nas escolas quanto nas famílias, e um “esforço de todos” para a conscientização da importância de uma alimentação saudável. 

Depois, é importante prezar pelas mudanças de hábitos, como o sedentarismo, e medidas de médio e longo prazo para reverter o quadro no Brasil. “Buscar atividades físicas para além das atividades nas escolas, retirada de bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos industrializados, e o hábito de consumir alimentos mais saudáveis” são algumas das alternativas destacadas por Louise. 


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