Nesta edição, ao comentar o massacre ocorrido esta semana numa escola em Suzano, a professora Marília Fiorillo fala sobre o papel das redes sociais como gatilho da violência juvenil, uma vez que estas naturalizam e glorificam a violência, o que foi atestado por um estudo internacional. Uma das conclusões desse trabalho é a de que a vivência intensa do mundo virtual torna muito pouco clara a fronteira entre o que é virtual e o que é real. “Assim, matar e morrer, em muitos casos, é planejado como uma encenação, uma mimetização de um game violento.”
É claro que tudo é potencializado e ampliado pelo uso abusivo do celular, hoje onipresente, e pelo anonimato das redes sociais, o qual alimenta manifestações de ódio e retaliação e facilita uma exposição diária à cultura on-line da violência. Sobre o poder atual da era digital, aliás, a colunista cita um provérbio que considera engraçado e trágico ao mesmo tempo: “Em vez do cartesiano ‘penso, logo existo’, agora é ‘eu postei, logo existo’. Não basta ser e nem mesmo ter, agora é mandatório mostrar e ser visto”.
Para Marília, “quando matar ou encenar a matança começam a se igualar, morrer só vale a pena se você puder exibir o ato infinitas vezes. A questão de honra hoje está em aparecer – o suprassumo da cultura do narcisismo, que é a psicose digital contemporânea”, conclui ela.