A decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia abriu uma disputa paralela entre a Grã Bretanha e a Espanha pela posse do pequeno território ultramarino de Gibraltar, pertencente à primeira, mas reivindicada desde há muito tempo pela segunda. A Grã-Bretanha já deixou claro que não vai aceitar nenhuma modificação nesse status.
A Rádio USP repercutiu o assunto com o professor titular da Universidade de São Paulo, Amâncio Jorge Silva Nunes de Oliveira, vice-diretor do Instituto de Relações Internacionais (IRI). Ele não acredita na possibilidade de um conflito armado entre as duas nações europeias, uma vez que, ao contrário do que aconteceu na disputa que envolveu Inglaterra e Argentina pela posse das Ilhas Malvinas, a correlação de forças aqui é bastante diferente. “Há uma diferença de poder bastante menor”, argumenta o professor.

Ainda segundo ele, o que se vê agora é uma disputa no campo diplomático. Por outro lado, não se pode descartar o fato de que, historicamente, certos conflitos tenham início a partir de pequenas questões operacionais e políticas. Ou seja, na opinião dele, não dá para assegurar que um conflito armado entre Espanha e Reino Unido esteja totalmente descartado.
De todo modo, Nunes de Oliveira acredita que a disputa pela posse de Gibraltar deva se prolongar até a conclusão da negociação do Reino Unido com a União Europeia acerca do chamado Brexit, o que não deve demorar menos do que dois anos.