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Escrever sobre a presença do negro nas artes plásticas brasileiras é contar um pouco da história do Brasil, já que tudo começou ainda na época da colonização do País por Portugal. Há nomes importantes de negros brasileiros na história da arte, como Aleijadinho, mestre Valentim, o Cabra, entre outros anônimos, antes da chegada da escola de arte no Brasil, nos séculos 16 e 17.
O curador, crítico de arte e professor de História da Arte do curso de Artes Visuais da USP, Tadeu Chiarelli, também foi diretor do MAC – Museu de Arte Contemporânea da USP, curador do MAM e diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo, com diversos livros publicados, e fez uma análise para a Rádio USP a respeito da produção visual do negro nas artes plásticas brasileiras. De acordo com ele, o artista negro enfrentou muitas dificuldades para se estabelecer no circuito das artes no Brasil, principalmente por causa da formação erudita, com a criação da Academia Imperial de Belas Artes, em 1816, que exigia uma formação artística tão abrangente quanto aquela obtida na Europa. O carioca Estevão da Silva foi o primeiro afrodescendente a se formar na Academia, seus quadros tinham como temática a natureza-morta.
O professor Tadeu Chiarelli destaca que, “no século 19, com o início do ensino formal de arte, já era possível ver artistas de primeiro escalão negros, porém, no século 20, a competição e o preconceito fizeram diminuir muito a presença dos negros na arte visual”, avalia. O carioca Arthur Timótheo da Costa, que frequentou a Escola Nacional de Belas Artes, é um dos destaques desse período. A tela O Menino, de 1917, pode ser contemplada no Masp, em São Paulo. O gaúcho Wilson Tibério, da mesma escola, tinha em suas pinturas a cultura afro-brasileira e chamou a atenção ao ganhar uma bolsa para estudar na França. E o baiano Emanuel Araújo é visto com uma obra muito significativa na arte afro-brasileira.
Já a participação feminina é praticamente rara nas artes plásticas. Segundo o professor Tadeu Chiarelli, “as mulheres tiveram uma presença muito discreta no Brasil, principalmente por causa do preconceito e da baixa formação intelectual. Um dos destaques da atualidade é a paulista Rosana Paulino, doutora em artes visuais pela ECA/USP, uma artista que vem trazendo com o seu trabalho outras mulheres para essa arte visual étnica”, finaliza Chiarelli.
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