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Luisa Lina Villa, professora da Faculdade de Medicina da USP e chefe do Laboratório de Inovação em Câncer do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do Instituto do Câncer do Estado de SP (Icesp), lembra que os pesquisadores da OMS revisaram uma série de estudos e observaram que, mesmo nos casos em que as mulheres não tomavam as três doses, era possível confirmar a proteção contra infecções e doenças.
“A partir daí surgiu essa importante dúvida: será que com apenas uma dose nós poderíamos imunizar a população?” Um ensaio clínico provou que a dose única é suficiente. “As respostas imunes são muito potentes. Dependendo da condição e da faixa etária, uma dose deverá ser suficiente para prevenir por anos a fio”, diz.
Luisa explica que a recomendação tem uma série de implicações positivas, como a redução de custos e a maior facilidade de distribuição. Como a OMS fez apenas uma recomendação, nem todos os países seguem a mudança. No Brasil, por enquanto, ainda são dadas duas doses de uma vacina que protege contra quatro tipos de HPV. “No ano que vem nós deveremos receber a vacina que hoje é a principal distribuída no mundo”, conta a professora. Essa nova vacina protege contra nove tipos, o equivalente a 90% dos cânceres de colo do útero.
Prevenção
O tumor mais frequente provocado pelo HPV é o câncer do colo do útero, a quarta maior causa de morte de mulheres no mundo. “Mas não para por aí”, alerta a professora. “O HPV é um vírus que infecta peles e mucosas e pode causar também o câncer de pênis nos homens, câncer de canal anal, de vulva e de vagina.”
Todos esses quadros podem ser prevenidos com uma vacina já existente e disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos de idade. A vacina também está disponível para quem já contraiu o HPV: até os 25 anos no caso dos homens e 45 anos no das mulheres.
Segundo Luisa, a cobertura vacinal ainda é baixa, em parte, pelo desconhecimento em relação às doenças que o vírus pode causar, o fato de a infecção quase sempre ser assintomática e à falta de indicação por parte dos médicos. “Esse é um importante aspecto que deve ser discutido para que as pessoas possam vacinar suas crianças e adolescentes para que um dia eles não venham a ter esses tumores.”
Esses imunizantes já foram aplicados em milhões de indivíduos no mundo inteiro, com sua eficácia comprovada e sem eventos adversos relacionados à vacina. “A prevenção é a melhor forma de controlar doenças porque você trabalha na causa. Você não vai, depois, ter que utilizar tratamentos dolorosos e cirurgias gigantescas. Esses vírus causam tumores, isso está provado. Por que não eliminar a infecção e, ao fazê-lo, eliminar a doença?”, questiona Luisa. “Vacinem-se, é muito importante.”
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