A crise sanitária iniciada em 2020 teve consequências expressivas para a economia, e tanto governos como bancos centrais adotaram medidas de proteção do mercado financeiro. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Leonardo Puehler, graduando do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, comenta os resultados distintos das ações de 95 países para fornecer socorro monetário em meio à pandemia.
Puehler conta que tal análise se fundamentou em três componentes de enfrentamento à crise: cada país foi avaliado com base nas medidas financeiras, de contingenciamento e de liquidez que adotou. Medidas financeiras são aquelas promovidas pelos próprios governos para preservar a economia, como a distribuição de auxílios emergenciais, por exemplo. Medidas de contingenciamento buscam garantir a segurança sanitária, o que pode ser alcançado através de lockdowns e distanciamento social. Por fim, medidas de liquidez são promovidas pelos bancos centrais para garantir que exista dinheiro em circulação no país, de modo a movimentar a economia.
Importância da liquidez no desempenho econômico
Durante crises, “os bancos precisam de capital para operar, emprestar e fazer operações. Principalmente no caso do Brasil, todo mundo buscou segurança, o que estava na compra do dólar. A moeda fugiu do País. O papel do Banco Central, então, é garantir a liquidez necessária para continuar funcionando”, explica o graduando.
A partir da verificação de dados fornecidos pelo Fundo Monetário Internacional, Puehler revela que os Estados que aderiram às medidas mais drásticas de segurança sanitária tiveram um maior crescimento econômico em 2020, e cita, como exemplo, a Nova Zelândia e a Irlanda. Outros países atingiram um resultado similar com a adoção de medidas financeiras eficazes, como os Estados Unidos. “O Brasil ficou no meio do caminho: promoveu ações econômicas de grande impacto, mas não promoveu as de contingenciamento”, completa.
Além disso, países mais ricos e estáveis apresentaram resultados distintos de países em desenvolvimento: “O Chile, por exemplo, teve um desempenho melhor do que o Brasil, mesmo sendo uma economia muito próxima”, ilustra o entrevistado.
Por fim, Puehler expõe que o desempenho institucional dos bancos apresentou mudanças significativas na atual recessão. “Grandes crises anteriores, como as de 2008 e 1929, tiveram causas centradas na economia. Desta vez, a causa da crise foi sanitária, e suas consequências econômicas exigiram uma ação muito diferente dos bancos centrais”, diz. “Eles precisaram articular medidas de socorro em escalas menores, para negócios de tamanhos menores, com muita intensidade, e gastaram muito mais dinheiro do que haviam gastado em outros momentos de crise”, finaliza.
Jornal da USP no Ar
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.
Países que adotaram medidas de segurança sanitária resultaram em crescimento econômico maior durante pandemia