Liberação na atmosfera do dióxido de nitrogênio potencializa doenças pulmonares

Segundo Maria Lúcia Campos, o crescimento da frota veicular e o aumento das queimadas explicam os altos níveis de poluição do dióxido de nitrogênio no ar, substância prejudicial à saúde humana

 20/05/2022 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 24/05/2022 às 12:27
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Estudo da OMS monitorou a qualidade do ar em mais de 6 mil cidades ao redor do mundo, em 117 países diferentes – Foto: Pixabay
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Levantamento divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) recentemente revelou que 99% da população mundial respira ar impróprio, ou seja, abaixo dos padrões de qualidade estabelecidos pelo órgão. O alto nível de poluição acarreta na piora dos sintomas de doenças respiratórias e pode estar relacionado ao surgimento de doenças pulmonares e ao câncer de pulmão. A análise é da pneumologista Andrea Cetlin, professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.

Andrea Cetlin – Foto: Reprodução/Instagram

“Problemas como asma, rinite, alergias respiratórias e outras doenças crônicas e pulmonares são potencializados com o aumento dos níveis de poluição na atmosfera”, conta Andrea. A professora ainda cita o aumento de artigos publicados relacionados a problemas respiratórios, que passou de 1,9 mil em 2017 para mais de 3 mil em 2021, com base no banco de dados PubMed.

A especialista em Química Ambiental Maria Lúcia Campos, professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, salienta que o crescimento da frota veicular e o aumento das queimadas de florestas são fatores importantes que explicam os altos níveis de poluição.

“O calor que é gerado durante o processo de combustão no motor do veículo faz com que os gases nitrogênio e oxigênio reajam entre si, formando o dióxido de nitrogênio”, conta a professora. Dentre os veículos, a professora destaca o papel dos caminhões como principais emissores da poluição, que correspondem por 3% da frota veicular e são responsáveis por 70% da produção de dióxido de nitrogênio. 

O estudo da OMS monitorou a qualidade do ar em mais de 6 mil cidades ao redor do mundo, em 117 países diferentes. A pesquisa estipulou o nível de concentração aceitável do dióxido de nitrogênio, um dos poluentes mais comuns, em até 10 microgramas por metro cúbico. A média mundial calculada foi de 30 microgramas por metro cúbico, valor três vezes maior.

Maria Lúcia Arruda de Moura Campos – Foto: FFCLRP

Cenário brasileiro na contramão ambiental

Para Maria Lúcia, o Brasil está “indo na contramão da premissa de diminuição da poluição atmosférica”, com a aprovação de novas unidades de usinas termelétricas e aumento das queimadas, atividades que aumentam a emissão de compostos poluentes.

“A atuação do poder público e a mudança de pensamento da sociedade são pilares para a diminuição da poluição”, reforça a professora, que destaca a importância do uso de transporte público e do papel das energias alternativas na redução da emissão de poluição, além de “tirar as pessoas dos centros de saúde e minimizar problemas respiratórios da população”.


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