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A guerra na Ucrânia e a pandemia continuam afetando o setor industrial, desafiando a manutenção do abastecimento e o funcionamento adequado das cadeias de produção de uma economia mundial muito globalizada como temos hoje. O professor Carlos Vian, do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, explicou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição que a crise pandêmica continuada por questões como a guerra levam a novas incertezas.
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“São incertezas que vão se acumulando, e é uma situação que a gente não tem como resolver no curto prazo, porque é difícil alterar a cadeia de produção e fornecimento de uma hora para outra.” A Ucrânia é um produtor importante de grãos e aço, enquanto a Rússia tem peso nos mercados de petróleo, minérios e alimentos, em especial os fertilizantes. Os preços do varejo de produtos industriais e alimentícios são uma consequência direta disso. “É uma conjuntura que a gente deve enfrentar ainda por alguns meses, pelo menos.”
Como efeito da globalização, o abre e fecha da economia na esteira do mais recente lockdown em cidades da China, por conta da covid, afetou invariavelmente a produção mundial, diante da relevância industrial do país. “Talvez a gente não tenha se atentado adequadamente para os riscos de ter uma concentração tão grande da produção industrial na China e em outros países da Ásia, que também hoje têm importância.” Por isso, há um movimento de reorganização geográfica dos processos de produção, como no setor de semicondutores, com a modernização, ampliação e instalação de novas fábricas na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina.
“Mas é algo que demora algum tempo, até você instalar essa fábrica, esses produtos começarem a chegar e abastecer o mercado… vai demorar pelo menos alguns meses, talvez um ou dois anos.” Considerando que outros problemas de escala global podem acontecer no futuro e impactar as redes de produção, o fortalecimento de economias regionais, como o Mercosul e o Nafta, é uma possibilidade.
No Brasil
Aqui, a indústria possui problemas estruturais anteriores a essas crises globais. “Nós temos uma situação bastante precária, com desafios competitivos muito grandes. Nossa indústria precisa se modernizar.” As políticas industriais, conjuntos de medida para o desenvolvimento das indústrias e modernização tecnológica precisam ser urgentemente rediscutidas, de acordo com o professor. Elas determinam quais setores serão desenvolvidos e incentivados, por exemplo. A indústria metal e mecânica no Brasil é uma que tem potencial.
Um problema de competitividade do Brasil é a dependência de alguns insumos, “porque os elos das cadeias produtivas foram precarizados e internacionalizados”, afirma Vian. “Isso [as discussões sobre a indústria brasileira] precisa ser feito com serenidade, para discutir com calma e ter um planejamento.”
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