Continua a tensão entre o Qatar e o grupo de países árabes composto da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito. Estas quatro nações revisaram nesta semana uma lista de exigências feitas ao pequeno país do Golfo Pérsico, acusado de subsidiar grupos terroristas. Todo este conflito interno ao mundo árabe é consequência, mais uma vez, de intervenções indiretas dos Estados Unidos, afirma Jorge Mortean, geógrafo formado pela USP e pesquisador das relações diplomáticas entre América Latina e Oriente Médio.

Para Mortean, as ações de Washington visam a atacar o Irã. O pesquisador explica que o Qatar é, entre os países árabes, o que tem melhores relações com a nação persa, portanto ele estaria sendo punido como exemplo a não ser seguido. Além disso, o professor lembra dos interesses econômicos da região, principalmente em relação às reservas de gás natural, as maiores do mundo. Jorge Mortean aponta que o Qatar e especialmente a Arábia Saudita financiam, sim, certos grupos rebeldes sunitas radicais, direta ou indiretamente. Para Mortean, a discussão sobre o terrorismo carece de honestidade intelectual; o Estado Islâmico, por exemplo, não conseguiria se contrapor ao exército da Síria se agisse de maneira totalmente independente.
O Jornal da USP, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.
Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular.