Em 2021, o Brasil enfrenta o menor nível de chuvas em 91 anos, o que aumenta o risco de desabastecimento nas principais usinas hidrelétricas do País. O cenário também é atribuído à gestão do setor elétrico por parte do governo federal. As consequências, além da própria falta de energia à população, refletiram-se na inflação – que está em 9,68% nos últimos 12 meses -, representada pela elevação do preço da energia elétrica.
“Não há uma forma simples e fácil de mensurar diretamente o impacto do aumento da tarifa na inflação”, explica Pedro Luiz Côrtes, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental no Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, lembrando que esse aumento entra em uma cadeia, chegando a repercutir na prestação de serviço e irrigação de plantio, por exemplo, cujos preços também se elevam e dificultam a análise direta dos impactos.
Diante da falta de água, as termelétricas passaram a ser acionadas. Côrtes explica que, “além de elas terem um custo operacional maior, muitas utilizam combustíveis fósseis, que têm cotações internacionais”. Como resultado, altas na taxa do dólar, provocadas principalmente pela instabilidade política, acabam refletindo no custo da energia no Brasil. “Nós temos uma dolarização, em parte, da geração de energia elétrica. Isso já sinaliza que novos aumentos poderão ocorrer”, analisa Côrtes, apontando como causa não só a piora na crise hídrica como o aumento do dólar.
Com o aumento da tarifa, o governo esperava uma redução do consumo de energia. Usando dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Côrtes menciona que essa redução foi inferior a 5%. “É muito pouco diante do que o governo efetivamente precisa e diante dos sinais de agravamento da crise hídrica até o fim do ano.” O resultado é de alerta: “Estamos em um ciclo vicioso. O aumento do preço não consegue diminuir o consumo, mas ele aumenta a inflação”, afirma Côrtes. Com isso, o horizonte pode indicar eventos extremos, como o racionamento e apagões.
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