Com o agravamento da crise hídrica, o Ministério de Minas e Energia (MME) criou a bandeira da escassez hídrica. A tarifa possui um valor maior do que o praticado na bandeira vermelha patamar dois. Além disso, foi adotada a política de bonificação para consumidores que reduzirem o consumo de energia entre 10% e 20%. As medidas foram criadas como forma de lidar com o agravamento da crise hídrica.
“O prognóstico climático, realmente, não é favorável”, contou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição o professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP. Segundo ele, o anúncio que a medida irá vigorar até abril de 2022 é um reconhecimento de que, mesmo com as chuvas de verão, a crise não será solucionada. “Na prática, o que está acontecendo é que o governo está fazendo com que os próprios consumidores financiem a redução de consumo”, comenta o professor, que caracteriza a medida de sobretaxação como uma forma de gerar recursos para financiar a bonificação da proposta.
Para Côrtes, a efetividade real da medida só poderá ser vista no começo do mês de outubro. “Não acredito que isso venha a reduzir significativamente o consumo, a menos que obviamente as pessoas comecem a perceber o impacto da nova bandeira na sua conta final”, afirma o professor, ao ilustrar a eficácia da tarifação. De acordo com ele, ainda existe a possibilidade de um novo aumento no valor da tarifação, sendo que o repasse atual foi feito de forma branda para reduzir os efeitos do aumento da tarifa sobre a atual inflação.
Ao analisar os prognósticos em relação ao clima, Côrtes não descarta que a atual crise hídrica acarrete apagões em determinadas regiões do Brasil. Em relação a medidas de racionamento, o professor vê como pouco provável esse tipo de medida. O professor compreende as atuais medidas para lidar com a crise como atrasadas e tímidas. Ao comparar a tomada de atitudes com outras crises similares, a tarifação vem como solução atrasada dos prognósticos de falta de chuvas, que eram conhecidos pelo governo e especialistas. “Nós estamos entrando em setembro com o início de medidas um pouco mais fortes, mas ainda não suficientes para equacionar todo esse problema”, conclui.
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