Nesta semana, o professor Octávio Pontes Neto fala sobre pacientes com lesão espinhal motora completa, aqueles que têm lesão grave na medula espinhal, sem movimentos voluntários nem controle esfincteriano abaixo do nível da lesão da medula. “Geralmente, os pacientes têm retenção na sensibilidade abaixo do nível da lesão, mas são incapazes de andar e ficar em pé por si mesmos.”
Segundo Pontes Neto, esta semana foi publicado na revista The New England Journal of Medicine o resultado de estudo norte-americano, ainda piloto, com quatro pacientes paraplégicos por trauma raquimedular com lesão espinhal completa. Os pacientes foram submetidos a procedimento cirúrgico para implante de microeletrodos na região lombossacral da medula espinhal. Após 20 dias deste procedimento cirúrgico, os pacientes começaram a recuperação intensa de reabilitação motora, com o treinamento de marcha na esteira e suporte de peso associado a estimulação elétrica da medula espinhal. “Dois desses pacientes, após dois anos de tratamento, voltaram a andar sem suporte e com estimulação elétrica da medula.”
Para finalizar, Pontes Neto lembra que o estudo é preliminar, foram só quatro pacientes, e, apesar de paraplégicos, ainda tinham preservação da sensibilidade nos membros inferiores. “Os outros dois pacientes que não conseguiram voltar a andar tiveram algum ganho, conseguiram ficar em pé sozinhos e com mobilidade voluntária do membro inferior, mas os resultados são animadores e sugerem que a estimulação elétrica medular espinhal, associada ao programa intenso de reabilitação, pode ser uma saída para a recuperação da função de andar para pacientes com lesão motora completa, com preservação de sensibilidade em membros inferiores.”
Segundo o professor, um dos quatro pacientes apresentou fratura de bacia durante o programa de reabilitação, provavelmente pela própria osteoporose e pelo desuso secundário à paraplegia. “Os outros três pacientes não apresentaram efeitos colaterais importantes com o tratamento, são resultados promissores que precisam ser replicados em grupo maior de pacientes e potencialmente pode ser uma alternativa interessante para os pacientes voltarem a andar.” Ouça acima, na íntegra, o comentário do professor Octávio Pontes Neto.