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Os blockbusters, filmes populares, que arrecadam milhões de dólares em bilheteria e levam multidões às salas de cinema, têm provocado críticas na indústria cinematográfica, como dos diretores Martin Scorsese e Ridley Scott, por exemplo, que afirmam faltar originalidade nessas produções. Essas películas são, geralmente, de grandes franquias, principalmente, as dos super-heróis, que correspondem a cerca de 20% das 40 maiores bilheterias da história do cinema. Para o professor de direção e roteiro Roberto Moreira, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, a crítica à estandardização das produções acontece há muitos anos, mas não corresponde à falta de criatividade ou originalidade.
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O professor lembra que as críticas acontecem desde que o cinema se tornou cultura de massa reproduzida constantemente e destaca a reação da nouvelle vague, movimento artístico do cinema francês, ao cinema americano. E a originalidade “é um fetiche do mundo contemporâneo” citando a evolução da dramaturgia e a tragédia grega, com suas histórias e mitos reinterpretados e reescritos.
Moreira explica que as franquias do cinema são “repositórios de histórias contemporâneas que vão sendo reelaboradas o tempo inteiro”, mas que não prejudicam a criatividade. Sobre as franquias de super-heróis, o professor diz que elas têm origem nas histórias em quadrinhos e cativam o público. “Esse grande fenômeno, além de conversar diretamente com o público, fã das histórias em quadrinhos, mistura tecnologia com efeito especial, com ficção científica, com herói, e garante a hegemonia do gênero nos cinemas.”
A previsão de Moreira é que, com a pandemia, o gênero domine o circuito. “Não vai ter mais lugar para filme médio e filme pequeno. Eles todos vão para o streaming”, pressupõe o professor. “Para justificar o retorno do público aos cinemas, é notável o apelo audiovisual forte que as franquias oferecem”. Mas o professor não desconsidera os outros gêneros, que, conforme prevê, sempre terão espaço, “mas vão ser pequenos e não vão se misturar”.
Dois movimentos no audiovisual contemporâneo
No audiovisual contemporâneo, Moreira nota dois movimentos, a serialização do cinema, ou seja, o “processo cada vez maior de séries no cinema”, e a televisão, que está ficando “mais concentrada e unificada, como era o cinema”, analisa o professor.
Para o especialista, de um lado, o cinema precisa fidelizar o seu espectador, e, do outro, a televisão precisa ter a eficiência narrativa que o cinema tem, considerando que não se tem mais um espectador cativo que está amarrado na cadeira e disposto a acompanhar um grande número de episódios com intervalos grandes entre eles. E isso, observa, está relacionado à dificuldade das pessoas de se interessarem pelo audiovisual.
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