Disparada nos preços de commodities é consequência das sanções à Rússia

Para Simão Silber, possibilidade de uma recessão econômica no Brasil é pequena, mas não ausente

 15/03/2022 - Publicado há 3 anos
O sistema financeiro russo pode entrar em crise devido às represálias mundiais à guerra – Foto: Gabinete do Presidente da Ucrânia via EBC
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A recuperação econômica mundial pós-pandemia havia apenas começado quando a invasão russa à Ucrânia provocou a disparada do preço de diversos produtos, especialmente nos casos do petróleo, aço e grãos. Especialistas se dividem quanto à possibilidade de uma recessão global, mas o impacto das sanções econômicas à Rússia já é visível: um indicador é a alta nos valores de alimentos e commodities no mercado internacional, por exemplo.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Simão Silber, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP e pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), conta que, a curto prazo, é pouco provável que ocorra uma queda no valor do PIB mundial. “O que se espera para 2022 é uma diminuição do crescimento [da economia], não uma recessão”, diz. 

Simão Silber – Foto: Reprodução

O sistema financeiro russo, no entanto, pode entrar em crise devido às represálias mundiais à guerra. Além da própria Ucrânia, que, nas palavras do professor, está “destruída após três semanas de ataques”, os países europeus tendem a ser os mais afetados pelos efeitos do conflito. “O impacto na Europa será pior do que nos Estados Unidos, país que é relativamente independente na produção energética e de grãos”, completa Silber. 

Aumento dos combustíveis

No cenário nacional, as consequências da guerra já são perceptíveis no aumento dos valores dos combustíveis: na última sexta-feira (11), a Petrobras anunciou um reajuste de 18,8% no preço médio da gasolina e de 24,9% no do diesel, com base nas oscilações do valor do petróleo no mercado global. “Na esteira do reajuste do combustível, tudo sobe, porque o Brasil é um país rodoviário. Não temos ferrovias, não temos transportes marítimos, o que temos são caminhões, que precisam de diesel.”

A agroindústria também sofrerá com o impacto do aumento do preço dos fertilizantes, produto antes importado da Rússia. Como consequência, “o nível de pobreza vai aumentar muito no Brasil, porque as pessoas não terão dinheiro para se alimentar”, diz o pesquisador. “O Brasil teria um crescimento muito modesto [na economia] este ano, mas agora a probabilidade de enfrentarmos uma recessão em 2022 não é inexistente”, finaliza.


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