Dando continuidade ao especial Saúde sem Complicações, ansiedade e depressão, o convidado para falar sobre o assunto é o médico Vinicius Guandalini Guapo. Doutor em Saúde Mental pela USP de Ribeirão Preto, Guapo trabalha com o serviço de urgências psiquiátricas no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP) da USP. O médico é especialista nas diferenças entre os sexos no processamento de emoções, efeito dos hormônios sexuais no humor e saúde mental da mulher.
Para retomar o tema, Guandalini lembra que a depressão e a ansiedade são transtornos mentais que afetam diretamente o sistema cerebral. “O resultado deste transtorno no cérebro são alterações na maneira das pessoas se sentirem, processarem as informações e sentimentos, como se comportam diante de um problema ou até mesmo de uma felicidade.”
O médico conta que, em determinados casos, há uma distorção da realidade, de forma que as pessoas enxergam os problemas bem maiores do que eles são. “Existem pesquisas que demonstram que as pessoas deprimidas enxergam menos cores. Isso tem um correlato neural, em que é possível ver quais são as células hipoativas, fazendo com que as pessoas vejam o mundo em preto e branco.”
Em relação às estratégias de tratamento, Guandalini conta que existem três formas, “a medicamentosa, a psicoterapia e uma outra modalidade que são as mudanças de hábito de vida e os manejos de estressores.” O médico ressalta que esta terceira modalidade é importante, pois o paciente pode realizá-la sem a ajuda de um terapeuta, “cultivando bons hábitos, maneiras mais eficientes de lidar com o estresse por si só.”
Outra dica do psiquiatra é dedicar-se a uma atividade física com regularidade. Cuidar adequadamente do hábito do sono, pois “só vai dormir bem quem cuidar melhor do sono”. Além disso, fala sobre a necessidade de mudanças alimentares, uma vez que “comer bem faz a gente se sentir melhor e pode ser um grande passo no tratamento de depressão”. Também fala em minimizar ou interromper o consumo de álcool e tabaco, ou de outras drogas quando for o caso. “Em geral, busque novas ferramentas para lidar com as dificuldades de relacionamento interpessoal”, conclui Guandalini.