A Unicef publicou um estudo feito a partir de dados do IBGE, chamado Enfrentamento da cultura do fracasso escolar – Reprovação, abandono e distorção idade-série. Segundo o estudo, “essa é uma história que se repete, ano a ano, no Brasil. Começa com o estudante sendo reprovado a primeira vez. Seguem-se outras reprovações, abandono e tentativas de retorno às aulas. Sem oportunidades de aprender, ele vai ficando cada vez mais para trás, com anos de atraso escolar, até deixar definitivamente a escola, sem concluir a Educação Básica – muitas vezes antes até de ingressar no Ensino Médio”. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da USP e coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliação Educacional, comenta essa questão.
O professor afirma que a pandemia não criou, mas intensificou a preocupação com a questão da evasão e abandono escolar. “No ano passado, praticamente as escolas não funcionaram. Então, as próprias escolas tiveram suas atividades pedagógicas precarizadas. Então, o que caracterizaria a presença do aluno?”, pergunta. Para ele, somente no fim deste ano de 2021 é que será possível ter noção da situação escolar, já que somente agora algumas escolas conseguiram estabelecer uma organização funcional.
“O Brasil tem taxas de reprovação escolar que poucos países no mundo têm. O País está entre os cinco que mais reprovam. Essas reprovações sem critérios muito específicos acabam sendo a fonte direta da distorção idade-série, mas há outro agravante, relacionado ao sucesso e ao fracasso escolar. Via de regra, o aluno repetente é tratado como se estivesse ingressando pela primeira vez em determinada série e acaba não recebendo um atendimento compatível com seu aprendizado. Isso cria condições subjetivas negativas para o aluno se engajar no processo”, explica Alavarse.
Como estratégia para enfrentar o problema, Ocimar Alavarse enfatiza que é necessário acreditar que as crianças aprendem a desenvolver cultura de sucesso escolar. Além disso, é preciso melhorar a avaliação da aprendizagem e que os fatores envolvendo as notas sejam mais objetivos. “Isso é uma questão de democracia, inclusive”, finaliza o professor.
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