Consumo de ultraprocessados pode explicar alta ingestão de sal nas Américas

Especialistas alertam que manutenção de dieta com excesso de sal leva à hipertensão e doenças cardiovasculares, riscos que podem ser amenizados pelo consumo de produtos “in natura”

 14/12/2021 - Publicado há 3 anos
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Pesquisa mostra aumento do consumo de alimentos industrializados e a diminuição de itens como as verduras, grãos e carnes frescas – Foto: Pixabay/Foto montagem: Jornal da USP
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Nas Américas, o consumo médio de sal de cozinha (cloreto de sódio) é de 8,5 a 15 gramas por dia, três vezes maior que o recomendado; por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) está em campanha para que o continente reduza em 30% a ingestão de sal. Uma medida simples, reduzir a ingestão de sal a menos de cinco gramas por dia pode aumentar a expectativa de vida e diminuir a ocorrência de doenças cardiovasculares.

Tarefa que, para os brasileiros, significa mudar hábitos e reduzir os alimentos ultraprocessados, segundo Carina Palazzo, nutricionista e pesquisadora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. “No Brasil, consome-se muitos alimentos ultraprocessados e existe sempre a tendência de colocar mais sal que o necessário no momento de cozinhar.” 

Carina cita a última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada pelo IBGE em 2018, que mostra aumento do consumo de alimentos industrializados e a diminuição de itens como as verduras, grãos e carnes frescas. E destaca também o gosto mais acentuado pela comida salgada.

Riscos do consumo elevado de sal

Segundo o especialista em Cardiologia e Emergências Médicas Carlos Miranda, professor do Departamento de Clínica Médica da FMRP e coordenador da Unidade Coronariana da Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas da FMRP, a ingestão de alimentos muito salgados está relacionada ao aumento da pressão arterial, que pode predispor a doenças cardiovasculares, ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) e à insuficiência renal.

Alerta o professor que as consequências de se manter um consumo excessivo de sal não é imediato. Mas que, a longo prazo, a pressão arterial elevada representa aumento de fator de risco de infarto e AVC. Alguns estudos, comenta Miranda, mostram que a diminuição do consumo de cloreto de sódio para 3 gramas diárias aumenta a expectativa de vida, reduzindo em 14% a ocorrência de AVC e em 12% a mortalidade.

Dicas para diminuir o sal da comida

A primeira estratégia para reduzir o consumo de sal, segundo a nutricionista Carina, é diminuir os ultraprocessados da alimentação diária; a segunda, cozinhar em casa. E o segredo está na valorização da tarefa de preparar o próprio alimento.

Outra dica é não usar temperos prontos. Carina lembra que é melhor usar o sal de cozinha e experimentar novos sabores. A dica é “brincar com as ervas aromáticas na hora de cozinhar”; as ervas “ajudam a dar sabor aos alimentos sem precisar salgar”.

Comprar mais alimentos in natura, como frutas, verduras, legumes e carnes frescas, preterindo os processados, e, quando adquirir algum, “ficar atento aos ingredientes no rótulo” das embalagens e preferir aqueles que contêm menos cloreto de sódio. “A obrigatoriedade dessa informação no rótulo ajuda a criar o hábito de comparar produtos iguais e escolher o que possui menor presença de sódio”, afirma a pesquisadora.


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