Segundo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a indústria da mobilidade elétrica avança na América Latina, no entanto, no Brasil, ela está estagnada. A América Latina possui uma indústria automobilística local pequena que dificulta o avanço da eletrificação da frota de carros. Tendo o fornecimento composto de importações, o mercado de carros elétricos ainda é inacessível a grande parte da população por conta do custo.
“É difícil fazer essa comparação”, contou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição o professor Marcelo Augusto Alves, do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica (Poli) da USP. Segundo ele, o comparativo entre os mercados latino-americanos é algo difícil de se realizar, pois cada um dos países que compõem o grupo possui mercados com características específicas. Enquanto mercados como o Brasil possuem um setor produtor de mobilidade abrangente, o Chile ainda depende de importações para alimentar seu mercado automotivo.
Em relação ao Brasil, o professor destaca projetos de incentivo para o desenvolvimento tecnológico na área. Projetos como o Rota 2030 buscam desenvolver a indústria local com esse intuito. “A questão do veículo elétrico, em particular no Brasil, não é só tecnológica, ela é uma questão de política econômica e industrial”, diz Alves, ressaltando outros fatores que explicam a lentidão da eletrificação da frota. Com o crescimento internacional desses produtos, é preciso que o Brasil entenda como ele iria se inserir no mercado antes de realizar a eletrificação.
“Existem outras tecnologias e seria muito interessante ver qual seria mais interessante para o Brasil”, diz o professor, ao comentar a priorização ao modal elétrico. De acordo com ele, ainda que a eletrificação seja inevitável, há um mercado forte de biocombustíveis que ainda pode ser explorado pelo Brasil. Ele ressalta, ainda que o carro elétrico não se limita à fabricação do veículo, mas envolve uma série de fatores de infraestrutura para viabilizar o projeto. “Não é uma questão muito simples, não é tecnológica, diria que é muito mais econômica e política do que tecnológica”, conclui Alves.
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