Quando se conta a história da região central da cidade de São Paulo, seus edifícios e arquitetura, um prédio se destaca, o do Edifício Copan, construído na década de 50. O projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer, que por muitos anos renegou sua obra, buscou retratar o crescimento da cidade de São Paulo naquele período. Seu nome surgiu a partir do lançamento de um grande empreendimento habitacional e hoteleiro chamado Companhia Panamericana de Hotéis e Turismo. O professor Walter Galvão, que teve o Copan como tema de seu mestrado e doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, lembra que “houve um primeiro projeto de arquitetura de um escritório norte-americano. Inicialmente, ele seria um prédio único, que iria agregar os dois usos, com um desenho reto, comum para os padrões do que estava sendo construído na época”. Carlos Lemos, professor aposentado da FAU USP, foi o arquiteto responsável por gerenciar as obras do prédio com o afastamento de Niemeyer.
Com 120 mil m² de área construída, o projeto do Edifício Copan começou em 1952, com inauguração prevista para 1954, no Quarto Centenário da cidade de São Paulo. No entanto, por contar com financiamento do BNI (Banco Nacional Imobiliário), que passou por uma intervenção federal, o projeto ficou parado, só sendo retomado por volta de 1957/58, quando o Bradesco assumiu a obra, que foi concluída em 1970. No final dos anos 60 e início da década de 70, o centro da cidade entrou em declínio e, por consequência, o Copan também. Buscando reverter essa imagem e situação, o professor Galvão lembra que, “nos anos 90, se deu início a um processo de resgate de sua estrutura, qualidade ambiental e física. Nesse período, toda a infraestrutura do prédio começou a ser modernizada, tendo uma manutenção adequada. Hoje, o edifício conta com qualidade ambiental e já está com um processo de reabilitação totalmente finalizado”.
Já em fase final, a obra de recuperação da fachada, com a troca e reposição das pastilhas e dos cobogós, está prevista para começar no início de 2022, após autorização do Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Conpresp). O Edifício Copan não se diferencia somente por sua arquitetura, mas também por ter até hoje Affonso Celso Prazeres no cargo de síndico por quase 30 anos, desde 1993.
Ricardo Alexino Ferreira, produtor do programa Diversidade em Ciência, na Rádio USP, é um dos moradores do Copan, que tem 1.160 apartamentos e cerca de 5 mil moradores, além do espaço comercial, que conta com diversas lojas. Ele conta que há uma diversidade muito grande no edifício e que, apesar de muitos residirem no local, a privacidade é preservada. Segundo Alexino, é possível fazer várias leituras da cidade de São Paulo. Ele lembra que o prédio tem o formato da bandeira de São Paulo, mas prefere tê-lo como habilidade de Niemeyer em transformar o concreto em algo maleável. “É a melhor expressão de São Paulo. Muita gente, mas cada um tem seu espaço, muito concreto, mas carregado de vida.”
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