O termo happy hypoxia foi cunhado, recentemente, em Nova York, para se referir à queda do nível de oxigênio no sangue, sem que as pessoas percebam. A hipóxia silenciosa, como estão chamando os pesquisadores brasileiros, é um quadro comum entre pacientes infectados pela covid-19 e pode levar ao agravamento da doença, conta ao Jornal da USP no Ar Geraldo Lorenzi Filho, pneumologista, especialista em Medicina do Sono, professor da Faculdade de Medicina (FM) da USP e diretor do Laboratório do Sono do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas.
O oxímetro mede a saturação da hemoglobina, que transporta o oxigênio no organismo. “É um exame não invasivo, no qual, por meio de um sistema de luz infravermelha, é possível medir a cor do sangue pulsátil e, assim, avaliar o nível de oxigênio no sangue”, ele explica. A saturação de oxigênio é medida pela porcentagem de hemoglobina que contém oxigênio. A média é de 96%; abaixo de 93% é considerado preocupante. Muitos pacientes chegam aos hospitais com números inferiores ao mínimo aceitável.
O exame é importante na medida em que a hipóxia isolada pode não causar sintoma algum. “Estudos sugerem que a alta mortalidade está associada ao retardo de buscar ajuda, justamente por ser uma doença confusa, que apresenta pacientes assintomáticos. A gente não se dá conta dessa queda no nível de oxigênio”, alerta o professor.
Em um leito de UTI de hospital de campanha, por exemplo, o nível de oxigênio do paciente com covid-19 é monitorado constantemente. Como monitorar, então, o paciente em casos não tão graves? “Foram adaptadas duas soluções, a partir dos métodos utilizados pela starup Biologix (com apoio da Fapesp), que inicialmente monitorava apneia do sono por meio de um aplicativo de celular conectado a um oxímetro de dedo”, comenta Lorenzi Filho.
“O paciente que está internado, porém, não na UTI, fica com o oxímetro, conectado ao celular, mandando informações para uma nuvem de dados que fica disponível para a enfermaria. Dessa forma, não é preciso ir de quarto em quarto, reduzindo o risco de contaminação”, explica.
Na outra solução, o oxímetro fica na casa do paciente e de quatro em quatro horas mede a oxigenação. “Os dados coletados também vão para uma nuvem e ficam disponíveis em uma plataforma de telemedicina. Esse monitoramento de casa já estava sendo desenvolvido, juntamente com a Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS)”, completa o pneumologista.
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