Durante a pandemia, um dado preocupante foi verificado: o aumento dos acidentes domésticos. As crianças estão entre as principais vítimas. Segundo dados do Ministério da Saúde divulgados pela Revista Crescer, entre março e outubro de 2019, foram realizados cerca de 18 mil atendimentos em crianças e adolescentes de até 15 anos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), vítimas de acidentes domésticos. Já em 2020, no mesmo período, o número passou dos 39 mil, representando um aumento de cerca de 112%.
O aumento dos acidentes domésticos durante a pandemia é consequência da necessidade de ficar em casa. De acordo com o Criança Segura Brasil, esse tipo de acidente é a principal causa de óbito entre crianças de 1 a 14 anos. Quedas, sufocamentos, queimaduras, afogamentos e intoxicações são os mais comuns. E, conforme a pediatra Ana Escobar, professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP, 90% desses acidentes poderiam ser evitados.
“Durante a pandemia, os acidentes domésticos aumentaram muito. Porque as crianças ficam mais tempo dentro de casa. Os pais estão assoberbados com suas tarefas de trabalho e também as tarefas domésticas e nem sempre têm disponibilidade de ficar olhando as crianças, e as casas podem, dependendo da circunstância, fornecer alguns riscos para as crianças; 90% desses acidentes poderiam ser evitados. É muito importante ter esses números para dimensionar como a casa deve ter cuidados especiais quando se tem crianças, principalmente crianças pequenas”, afirma a pediatra.
Os pais podem fazer algumas adaptações na casa para evitar que esses tipos de acidentes ocorram e deixar o ambiente favorável às crianças. Redes em todas as janelas. Produtos de limpeza e remédios precisam ser guardados fora do alcance das crianças. Não deixe os pequenos entrarem no banheiro, porque podem escorregar, cair e bater a cabeça. Escadas devem ter proteção para evitar quedas. Cuidado com estantes em que as crianças possam subir e cair. Objetos de enfeite pontiagudos precisam ser evitados. Tapetes podem escorregar e a criança cair e bater a cabeça em mesinhas de centro com quina. E a professora Ana aconselha: “Tem que ver todas as possibilidades de acidentes para tentar evitar. A casa que tem criança pequena, geralmente com menos de 2 ou 3 anos, precisa ser totalmente amiga da criança, no sentido de não oferecer risco nenhum para acidente”.
Caso o acidente doméstico ocorra, dependendo da gravidade, é essencial levar a criança ao pronto-socorro ou mesmo contatar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o Samu, ou o Corpo de Bombeiros. “Se foi uma queda, bateu cabeça, a criança vomitou ou ficou sonolenta, sempre tem que procurar um pronto-socorro. Se ocorrer queimadura e for muito extensa, também tem que procurar pronto-socorro. Se houver ingestão de qualquer produto ou de remédio, também procurar pronto-socorro. O que aconselho aos pais é que os acidentes podem ser sempre potencialmente graves, então, na dúvida, é bom conversar com o médico ou, se for um acidente mais intenso, mais importante, procurar o pronto-socorro”, finaliza a médica.
Jornal da USP no Ar
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.