Ação do coronavírus no hemisfério sul ainda traz dúvidas

Paulo Rossi Menezes afirma que as estratégias para o enfrentamento da covid-19 são constantemente avaliadas,  e que o  serviço de saúde está sendo preparado para a demanda esperada

 13/03/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 20/03/2020 as 11:17

 

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Em coletiva de imprensa na quinta-feira (12), o governo do Estado de São Paulo apresentou planejamento para lidar com a pandemia do novo coronavírus. O foco se mantém na contingência do vírus e combate aos casos graves. O governo não precisa números, mas afirma estar preparado para os mais diversos cenários.

O professor Paulo Rossi Menezes, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP e da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo,  afirma que há dúvidas sobre a ação do vírus no Brasil devido às condições climáticas e especificidades características da população. O Hospital Israelita Albert Einstein já registrou 98 casos de contaminação por coronavírus no Estado, mas ainda não foram contabilizados pelo Ministério da Saúde. 

“Se alguém der um número, é porque deve ser mágico. Ainda não temos consciência de como o vírus vai agir na nossa temperatura, na nossa população. O coronavírus tem circulado no hemisfério norte a temperaturas médias entre 0°C e 10ºC, aqui estamos, felizmente, entre 20°C e 30°C. Não sabemos como vai se transmitir aqui. Trabalhamos com cenários desde uma transmissão menor até maior”, afirma Menezes.

Segundo o professor, as medidas apresentadas pelo Governo do Estado apresentam três eixos: “primeiro é a vigilância e saúde, numa tentativa de reduzir a transmissão do vírus na nossa população através de identificação rápida dos casos, isolamento e outras medidas de prevenção; em segundo é a organização da assistência, pois precisamos estar preparados para o possível número de casos graves que podem vir a acontecer, por isso estamos discutindo o aumento de leitos em UTI no Estado; a terceira é a comunicação com qualidade e transparência para a sociedade”.

“Há necessidade de mudanças de estratégias”, comenta Menezes. Até o momento, o quadro gripal, febril e histórico de viagem são levados em consideração para elevar o paciente para a categoria de suspeito. “Agora estamos numa fase de transmissão que nos preocupa muito mais, que são os casos com necessidade de internação e até UTI, os mais graves. Então, o foco da vigilância provavelmente vai mudar nesses próximos dias”.

As estratégias para o enfrentamento da covid-19 são constantemente avaliadas. “Medidas como o fechamento de escolas e de transporte público geram grande impacto na sociedade e, portanto, é preciso ter critério e pensar qual o momento adequado para colocá-las em prática. Estamos preparando o serviço de saúde para atender a demanda que tende a surgir”, ressalta.

Ouça a entrevista na íntegra no player acima.


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