A contribuição da Faculdade de Odontologia de Bauru para a sociedade brasileira nos 90 anos da USP

Por Marília Afonso Rabelo Buzalaf, diretora da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP

 05/02/2024 - Publicado há 10 meses

Marília Afonso Rabelo Buzalaf – Foto: Arquivo pessoal

 

 

A Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP tem desempenhado um papel fundamental no avanço do ensino, pesquisa/inovação e extensão na área da saúde, com contribuições expressivas para a sociedade brasileira. Nossos tradicionais cursos de Odontologia e Fonoaudiologia, com 63 e 35 anos, respectivamente, já formaram mais de 3.700 alunos de graduação e mais de 3.200 alunos de pós-graduação.

Nossos egressos exercem a clínica, o ensino ou a pesquisa com excelência, no Brasil ou no exterior, o que ratifica o ótimo trabalho que temos desenvolvido na formação de recursos humanos para a área da saúde. Nosso curso mais jovem (Medicina), acaba de graduar a sua primeira turma. Foi criado a partir de um projeto político-pedagógico inovador, centrado na formação profissional intrinsicamente relacionada com a atuação em serviço e a inserção precoce dos graduandos nos diversos serviços de saúde como espaço de ensino-aprendizagem. Esse modelo inovador proporciona não apenas a qualificação profissional, mas contribui para o desenvolvimento do próprio sistema de saúde, por permitir a reflexão sobre a realidade dos serviços e sobre as necessidades de aprimoramento.

Um dos esteios dos cursos de graduação da FOB é representado pelo elo indissociável entre ensino, pesquisa/inovação e extensão, o tripé da USP, tendo em vista que o nosso corpo docente, altamente qualificado, preocupa-se em fazer um ensino baseado em evidências científicas, muitas delas derivadas de trabalhos de pesquisas desenvolvidos por docentes do próprio curso. Isso permite que os docentes dos nossos cursos tenham a oportunidade de vivenciar o que é uma das maiores satisfações de um professor universitário: ensinar aos alunos as suas próprias descobertas. Dentre os docentes dos nossos cursos mais tradicionais, cerca de 40% são bolsistas Produtividade em Pesquisa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Esse número é muito expressivo e reforça o grande envolvimento dos docentes com geração de conhecimento.

Um exemplo notável do impacto da FOB e de sua interação com a sociedade é o nosso maior projeto de extensão, o projeto FOB-USP em Rondônia, que já completou 22 anos. Por meio deste projeto, alunos, professores e funcionários da FOB fazem duas expedições anuais aos municípios de Monte Negro e Calama, distrito de Porto Velho, onde prestam atendimento médico, odontológico e fonoaudiológico à população local, extremamente carente, que aguarda ansiosamente a chegada das nossas expedições. Por outro lado, o contato com essa população e com uma realidade diferente proporciona um excelente aprendizado aos nossos alunos.

Devido à reconhecida atuação de docentes do Departamento de Fonoaudiologia e profissionais do campus da USP em Bauru, em projetos de pesquisa e ações que têm norteado as políticas públicas na área da Audição, em 2004, a Clínica de Fonoaudiologia da FOB foi credenciada pelo Ministério da Saúde como Serviço de Alta Complexidade no atendimento ao deficiente auditivo. Desde então, esta clínica vem dando uma grande contribuição no atendimento à população do Departamento Regional de Saúde VI (DRS VI), que engloba Bauru e 67 municípios vizinhos. Posteriormente, o credenciamento foi estendido também à Clínica de Odontologia. Estes atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não só proporcionam serviços essenciais à comunidade, mas também enriquecem a experiência educacional dos nossos alunos.

Em seus 90 anos, a USP ocupa uma posição de destaque nos rankings internacionais. Pela primeira vez, está entre as 100 melhores universidades do mundo no prestigiado ranking da Times Higher Education, ocupando a honrosa 85ª posição entre as 1.400 melhores universidades do mundo. Nesse ranking, a Odontologia, representada pela FOB, juntamente com nossas coirmãs, a Faculdade de Odontologia (FO) em São Paulo e a de Ribeirão Preto (Forp), é a área da USP mais bem representada no ranking, ocupando a 14ª posição. Em adição, dentre os 244 pesquisadores da USP citados na lista da Editora Elsevier/Stanford University, considerados os mais influentes do mundo, 12 pertencem ao curso de Odontologia da FOB, correspondendo a mais de 20% dos docentes do curso, o que revela a pujança da pesquisa na nossa instituição.

A celebração dos 90 anos da USP em 25 de janeiro de 2024 é uma ocasião marcante, que oferece uma excelente oportunidade para refletirmos sobre o futuro do ensino e da pesquisa na instituição. Especialmente na FOB, que abriga cursos importantes na área da saúde, espera-se um futuro promissor e inovador. Esperamos integrar novas tecnologias, como realidade virtual, inteligência artificial e aprendizado de máquina, para aprimorar o ensino e a pesquisa.

Essas tecnologias podem oferecer métodos mais interativos e eficientes de aprendizado e abrir novos campos de pesquisa. A tendência para uma pesquisa mais interdisciplinar e colaborativa deve se fortalecer, combinando conhecimentos de diversas áreas para abordar questões complexas da saúde, com estímulo às parcerias com outras instituições do Brasil e do exterior. Com isso podemos esperar avanços significativos em práticas clínicas e terapêuticas, impulsionados por pesquisas de ponta. Em adição, esperamos avançar em direção a modelos de educação mais personalizados e flexíveis, permitindo que os alunos moldem suas experiências educacionais de acordo com seus interesses e objetivos de carreira. Poderia haver a inclusão de mais opções de cursos interdisciplinares e programas de estudo independentes.

O futuro do ensino e da pesquisa na USP, e em particular na FOB, promete ser uma jornada emocionante de inovação, integração e impacto social, alinhada com as necessidades e desafios emergentes da sociedade brasileira e global.

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