Sífilis tem cura, mas doença ainda não foi erradicada

O Saúde sem Complicações aborda a doença na gestação e como o feto pode ser infectado

 13/06/2017 - Publicado há 7 anos
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A sífilis é uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum e sexualmente transmissível (DST). Também pode ser transmitida por sangue e secreções, como, por exemplo, na gestação. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de diagnóstico em gestantes era de menos que um caso a cada mil nascidos em 2005 e em 2013 o índice subiu para 7,4 casos.

No Saúde sem Complicações desta semana a médica assistente Patrícia Pereira dos Santos Melli do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, fala sobre a doença, forma de transmissão e os perigos para a gestante e o feto.

Nos primeiros três meses após a infecção há formação de úlcera que pode aparecer na região oral ou genital já que são desenvolvidas na pele ou mucosa. Além do desaparecimento espontâneo a ferida não causa dor. Depois de algumas semanas o paciente apresenta vermelhidão na pele que pode ser confundido com alergia e também desaparece sem tratamento.

Quando o indivíduo infectado não apresenta sintomas evidentes é a chamada sífilis latente que pode durar anos. Nesse momento o paciente não apresenta úlcera e vermelhidão que são sinais clínicos vistos pelo paciente e pelo médico. A bactéria está presente, mas o diagnóstico só pode ser feito com exame de sangue.

Após esse estágio, a doença por de se desenvolver com complicações,  a sífilis terciária que atinge os órgãos como o cérebro, coração, fígado, nervos e ossos. Pode levar à demência e a alterações motoras. “O infectado pode viver com a sífilis latente por vinte anos e desenvolver essa complicação neurológica pela falta do diagnóstico ou pelo  tratamento acontecer tardiamente”, completa.

A melhor prevenção, explica a médica, é o uso de preservativo e exames frequentes e, por isso, a divulgação é muito importante para o seu controle. Apesar das estratégias do Ministério da Saúde como disponibilização gratuita de testes rápidos e sorologias, não há controle na incidência da sífilis.

Patrícia revela que educação sexual e sexo seguro são medidas essenciais para o controle não só da sífilis, mas de outras DSTs como hepatites e HPV.

Sífilis na Mulher

Para a mulher além dos riscos citados pela médica, há a transmissão vertical que é a que passa da mãe para o feto. O recém-nascido pode nascer com problemas como má formação e até morte em casos de transmissão no início da gravidez.

O tratamento, explica Patrícia, acontece com injeção do antibiótico penicilina benzatina. E na gravidez não é diferente, a mulher precisa se tratar para conter a transmissão e a posologia varia de uma a quatro semanas dependendo do diagnóstico.

Entretanto, lembra a médica, a última dose tem que ser realizada um mês antes do nascimento do bebê, porque o feto não teve tempo de metabolizar a droga administrada na mãe. O feto pode nascer com a chamada sífilis congênita e o tratamento para ele é de forma endovenosa por 10 dias.

Durante o pré-natal, a mulher passa por exames e testes para várias doenças e uma delas é a sífilis. Além disso, a médica alerta que o parceiro que também é transmissor deve ser tratado para que o casal não se exponha à bactéria novamente. De acordo com Patrícia, o tipo de parto não influencia no contágio, mas medidas que evitem um maior contato com secreções e sangue pode ser tomado e a mãe pode amamentar normalmente. O leite materno não transmite a doença.  

 

Por Giovanna Grepi


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