
Segundo dados do Ministério do Turismo, o Brasil atingiu a marca recorde de 6,65 milhões de turistas internacionais em 2024, um aumento de cerca de 12% em relação a 2023. O ministro do Turismo, Celso Sabino, atribui a melhora dos resultados ao trabalho do órgão de “promover a imagem do Brasil no exterior”.
Mas, mesmo com a máxima histórica, pesquisadores do turismo concordam que o resultado brasileiro não impressiona. O México, por exemplo, recebe cerca de sete vezes o nosso total todos os anos. Eduardo Silva Santana, doutorando em Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, explica o que pode contribuir para a melhora do turismo brasileiro.
A imagem do Brasil

Santana explica que diversos pesquisadores do turismo se debruçam para entender por que o País não atrai mais turistas. Entre as razões citadas, aparecem a distância entre os maiores mercados consumidores de turismo, principalmente os países do norte global, e a limitada oferta de serviços de qualidade fora dos grandes centros urbanos. “A imagem do País no exterior também é prejudicada pela violência”, explica o pesquisador.
Já para Alexandre Panosso, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH), outro fator que contribui para o baixo desempenho é a falta de organização e planejamento público. O Brasil não possui uma malha aérea que possibilite o turismo entre as diferentes partes do país, e os serviços oferecidos nas diversas áreas muitas vezes se perdem na concorrência, e não há “compreensão sobre o potencial do turismo como motor de inclusão social, valorização cultural e promoção de diversificação de pensamentos e aprendizado”.
Cinco fatores principais

Investigando as pesquisas sobre o tema, Guilherme Lohmann, professor da Southern Cross University (SCU), na Austrália, Glauber Santos, da EACH, e a pesquisadora Jaqueline Gil, da UnB, conseguiram reunir em cinco os fatores que, para eles, são os responsáveis pela baixa atratividade do Brasil no mercado de turismo global. São eles: as distâncias e dificuldades no transporte, a sensação de insegurança, serviços inadequados, custos elevados, a promoção errática do País como destino.
Os pesquisadores apontam que a promoção internacional dos destinos brasileiros ocorre de maneira esporádica, apesar dos esforços do Ministério do Turismo, e a falta de continuidade compromete a construção de uma imagem positiva e atraente para o mercado global. Os custos de viajar para o Brasil são mais altos se comparados a outros países da América Latina, como o México, Panamá, Costa Rica, o que pode contribuir para afastar turistas.

Mas nem tudo está perdido. Conforme explica Eduardo Silva Santana, o Brasil ainda possui alguns trunfos que podem ser utilizados para amplificar o turismo internacional: “O Brasil tem ativos únicos que podem ser mais bem explorados: O Carnaval e o Rio de Janeiro continuam sendo ícones globais; o ecoturismo, com a Amazônia, o Pantanal e Foz do Iguaçu, oferecem experiências incomparáveis; e o potencial das culturas indígenas e quilombolas pode atrair um público interessado em vivências autênticas e transformadoras, além da cultura cosmopolita de alta gastronomia e eventos de São Paulo”, exemplifica o pesquisador.
“Com uma estratégia bem estruturada e investimentos consistentes, o País tem a chance de redefinir sua posição no cenário global, revelando-se não apenas como um destino turístico, mas como uma experiência única que conecta pessoas à riqueza de sua história, cultura e biodiversidade”, finaliza Eduardo Silva Santana.
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