
Erthesina fullo – este nome estranho é a identificação científica do percevejo-de-pintas-amarelas, que tem sido visto na Baixada Santista. Sua presença já foi notada em 2020 e agora chama a atenção novamente. O pequeno inseto, com pouco mais de 1 centímetro, corpo verde ou amarelo com pintas amarelas, é considerado uma praga na Ásia e causador de desequilíbrios ambientais por se alimentar de plantas. Talita Roell, professora do Museu de Zoologia da USP, destaca que sua presença vem sendo acompanhada de perto. “O que acontece é que nas últimas semanas alguns novos registros voltaram a chamar a atenção para esse novo percevejo, mas de fato a gente não sabe se eles vieram novamente de alguma outra forma ou se são provenientes de uma população estabelecida desde o primeiro registro.”

Segundo a professora, o inseto tem várias manchinhas amarelas sobre o corpo, que tem uma tonalidade escura (vai do castanho escuro ao preto). O tamanho e o formato do corpo – principalmente da cabeça e também do aparelho bucal – facilitam sua identificação por parte dos cientistas. No Brasil, o primeiro registro do percevejo ocorreu em 2020. Talita destaca que “a publicação de um artigo científico relacionado a esse registro mostra que essa espécie, que não era originária do Brasil, estava na região de Santos. Então não existe um novo percevejo. Existe esse novo registro agora de janeiro, que mostra que essa população ainda existe ou que talvez tenha chegado novamente, a gente não sabe de fato”.
O percevejo-de-pintas-amarelas, como é conhecido, pode causar danos em diversas plantas arbóreas, como pera, pêssego, maçã, kiwi e algumas outras. Mas, para ser identificada como praga, essa espécie depende de outras circunstâncias para se adaptar, o que nem sempre acontece.
Estratégias de monitoramento
Para evitar surpresas, é feito um acompanhamento do Erthesina fullo. Existem diversas estratégias de monitoramento que já são aplicadas em cultivos pelo Brasil e pelo mundo para controlar outros insetos que comumente se associam às plantações. Essas estratégias, dentro de um programa de manejo integrado de pragas, incluem observação visual, uso de rede de captura de insetos, uso de controladores biológicos, entre outras alternativas. Bons programas de manejo são potencialmente eficientes para prevenir grandes danos e ainda têm o potencial de acompanhar o desenvolvimento dessa espécie.
Não há nada que confirme que o inseto chegou ao País a partir de navios atracados no Porto de Santos. Existem algumas hipóteses, dada a localidade de encontro dos exemplares e também de alguns relatos de dispersão em outros países. Por esse motivo, o monitoramento é essencial. Os registros em plataformas de ciência cidadã, como o Ar Naturalista, são muito importantes nesse sentido.
A boa notícia é que esse percevejo não é transmissor de doenças para os seres humanos. “Eles não transmitem nenhuma doença em humanos, porque são totalmente fitófagos, ou seja, se alimentam de plantas. Eles não vão picar o ser humano nem mesmo para se defender, em caso de se sentirem ameaçados, porque também não produzem nenhum tipo de veneno. A principal estratégia de defesa desses percevejos está no cheiro. Não existe registro de picada com transmissão de doença, nem existe hipótese de que isso possa acontecer.”
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