A Reuters e a CNN tornaram-se, no começo deste mês, as mais recentes empresas jornalísticas tradicionais a implementar o Paywall para o acesso de suas notícias. Na opinião do professor Carlos Eduardo Lins da Silva, esse é mais um exemplo a demonstrar que o Paywall é a única saída, “fora um grande acordo com as empresas de mídias sociais, que pode salvar o jornalismo tradicional”. Ele cita uma pesquisa relacionada ao hábito de consumo de conteúdo jornalístico pelo público americano, cuja grande maioria recebe pelo menos algum tipo de notícia por meio de redes sociais – e não pagam por isso. “Então é preciso buscar alternativas”, constata Lins da Silva, “que é o que as empresas jornalísticas estão fazendo, desde o final do século passado, sem muito sucesso. Os anúncios são cada dia mais minguantes, porque os anunciantes preferem anunciar nas redes sociais, que vão mais direto aos seus consumidores específicos. O Paywall tem sido a única solução que parece ajudar as empresas jornalísticas”.
Um caso de sucesso do Paywall é o The New York Times, ainda que os frutos tenham demorado um pouco para serem colhidos. O NYT começou a cobrar dos visitantes de seu site em 2011, mas só alguns anos depois o Paywall começou a dar algum resultado. “Hoje, o The New York Times tem 10,2 milhões de assinantes digitais”, diz o colunista, que, no entanto, não deixa de citar a má notícia dessa história: “Só 3,3 milhões desses assinantes assinam para receber apenas notícia, apenas jornalismo, todos os outros ou recebem jornalismo e mais um dos seus produtos, que não são jornalísticos, ou eles só assinam produto não jornalístico.” Além do NYT, outro jornal que tem dado certo com o Paywall é o Financial Times, “que conseguiu pela primeira vez romper a barreira das 500 milhões de libras esterlinas em 2023, um grande sucesso. O Financial Times está com 2,5 milhões de assinantes digitais – e no caso deles é só informação”. Para Lins da Silva, tanto o Financial Times quanto o NYT dividem uma peculiaridade: conseguem se dar bem com o Paywall sem perder qualidade jornalística. “Ao contrário, alguns até melhoraram – o Financial Times é um dos que, na minha avaliação, melhoraram depois que começaram a ter mais assinantes digitais.”
Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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