Boletim de Astronomia explica próximas atividades do telescópio espacial James Webb

O boletim “Dia e Noite com as Estrelas” de junho fala sobre o telescópio mais importante da atualidade para a ciência e ainda aborda as distâncias estelares e notícias sobre a Fornalha, a estrela mais brilhante do céu noturno

 27/06/2023 - Publicado há 1 ano
Boletim traz a notícia de que o telescópio espacial James Webb dará início ao seu segundo ciclo de observação – Foto: Wikimedia Commons

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Lançado em dezembro de 2021, o Telescópio Espacial James Webb (JWST) dará início ao seu segundo ciclo de observação em julho de 2024. A expectativa é que os dados coletados na nova fase ajudem a responder questões fundamentais sobre a origem do Universo, a busca por vida fora da Terra e a evolução de estrelas e galáxias. “Mais de 1,6 mil projetos de pesquisa foram submetidos por cientistas do mundo todo ao Space Telescope Science Institute (STScI) e, desses, apenas 249 foram selecionados para a próxima etapa. Entre as propostas aceitas, destaca-se a investigação do satélite Encélado de Saturno, que pode abrigar um oceano habitável sob sua superfície”, destaca um texto da nova edição do Boletim Dia e Noite com as Estrelas (número 6, ano 4), disponível gratuitamente na internet para download.

A publicação tem o objetivo de divulgar as novidades do mundo da astronomia de forma acessível e é produzido por alunos da USP do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), do Instituto de Física (IF) e da Escola de Comunicações e Artes (ECA). As publicações são mensais e coordenadas por Ramachrisna Teixeira, em colaboração com Roberto Boczko, professores do IAG.

Ainda com relação ao James Webb, a edição aborda uma das estrelas mais brilhantes do céu noturno, responsável por abrigar um complexo e dinâmico sistema planetário, conforme indica uma recente pesquisa publicada em maio com base em observações do telescópio. “Distante 25 anos-luz do sistema solar, uma estrela jovem e quase duas vezes mais massiva que o Sol, brilha circundada por um disco de poeira”, informa o autor do artigo Fomalhaut: Um sistema estelar em transformação, acrescentando que não é de hoje que se sabe da presença dessa estrutura ao redor de Fomalhaut. “Espera-se que, com o tempo, o telescópio James Webb seja capaz de nos dar mais informações sobre discos e cinturões de poeira de outras estrelas da vizinhança do Sol”, conclui.

No texto O Inverno Chegou…, o professor Teixeira diz que a chegada do inverno traz também muitas dúvidas, apesar de uma simples busca na internet ou no noticiário informar que o inverno no Hemisfério Sul teve início no dia 21 de junho às 11h58, instante do solstício de inverno neste hemisfério. Isso significa que vai fazer frio a partir desse instante? Fará frio em todo o Hemisfério Sul? Será que o frio tem hora tão precisamente definida para chegar?, pergunta o autor, respondendo que não. “Embora o inverno seja, das quatro estações, a mais fria do ano, em muitas localidades pode até fazer calor. (…) As temperaturas não começam a diminuir ou aumentar em instantes precisos. Muitos fatores pesam nessa história: latitude, altitude, proximidade com oceano, floresta, etc.”, afirma. 

Então, de onde sai esse instante 11h58? Segundo o pesquisador, isso se deve ao movimento de rotação da Terra, cujo plano (equador) divide nosso planeta em dois hemisférios, fazendo com que em determinadas épocas um hemisfério receba mais energia do Sol (insolação) do que o outro e vice-versa. “No caso atual, o solstício de inverno no Hemisfério Sul corresponde ao instante em que a insolação é mínima neste hemisfério e, portanto, que a partir desse instante começará a crescer”, explica. 

Distâncias estelares 

Foto: Divulgação/IAG USP

Além da curiosidade sobre o inverno, o boletim traz o especial Bessel, Henderson e Struve: finalmente as distâncias estelares, que trata das distâncias estelares, fato que vem intrigando os astrônomos por muitos e muitos séculos. No artigo, também com autoria de Ramachrisna Teixeira, o professor conta que foram vários chutes: “Para muitos eram simplesmente imensas, para Tycho Brahe (DNCE03_07) estavam no mínimo a milhões de quilômetros, já para Newton (DNCE03_12) seriam bilhões ou trilhões”.

Como informa o professor, as primeiras paralaxes estelares foram determinadas em meados do século 19 por três diferentes astrônomos praticamente ao mesmo tempo: Bessel, observando a estrela 61 Cygni, determinou uma distância de aproximadamente 11 anos-luz (± 100 trilhões de quilômetros); Henderson obteve para Alfa Centauro, coincidentemente a mais próxima de nós conhecida até hoje, 4 anos-luz (± 40 trilhões de quilômetros) e Struve, trabalhando com Vega, obteve 27 anos-luz (± 300 trilhões de quilômetros).

O boletim Dia e Noite com as Estrelas é mensal e gratuito. Confira a última edição do boletim neste link. Acesse as edições anteriores clicando aqui. Caso queira recebê-lo diretamente, inscreva-se na lista de transmissão. Mais informações pelo e-mail: contatodncestrelas@gmail.com.


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