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O governador Tarcísio de Freitas anunciou a proposta de transferir a sede do governo do Estado do Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, para os Campos Elíseos, na região conhecida como Cracolândia. Para o professor Nabil Bonduki, eis aí uma proposta inoportuna, inadequada, que não é prioritária e que principalmente não é coerente nem compatível com aquilo que propõe o Plano Diretor para a política urbana do município, que estabelece que é prioritário viabilizar projetos habitacionais e ampliar o uso residencial da área central de São Paulo, principalmente das áreas do centro, que hoje têm um valor imobiliário mais baixo e que são coerentes com o custo da produção de habitação de interesse social.

Diz ainda que atividades que potencializem a geração de emprego deveriam se localizar em regiões onde existe uma grande concentração populacional, principalmente nas regiões periféricas, que, por não terem um atrativo econômico muito grande, concentram uma grande quantidade de população de baixa renda que precisa se deslocar para a área central para trabalhar.

Bonduki frisa, contudo, não ser contrário à mudança da sede do governo, mas entende que uma medida como essa não deve ser uma decisão exclusiva de um governador ou de um governo, “é uma medida de Estado, que precisa, portanto, ter um amplo debate com a sociedade, onde possa se apresentar os prós e os contras dessa medida”. Ele defende que a mudança do Morumbi seria interessante se a sede do governo fosse para um lugar onde pudesse promover uma alteração estrutural, do ponto de vista da criação de empregos e da mudança do perfil de uma região.

“Não é o caso do centro, é o caso, por exemplo, da região da Jacu Pêssego, ali próximo a Itaquera, onde tem estação de Metrô, onde tem estação de trem, aonde tem uma fácil acessibilidade para o Estado inteiro, porque a Jacu Pêssego está conectada ao Rodoanel, que conecta praticamente todas as regiões do Estado, e uma região onde o Plano Diretor de São Paulo prevê uma zona de desenvolvimento econômico, ou seja, uma área que precisa atrair outras empresas, precisa atrair emprego, porque está no centro da zona leste da região metropolitana de São Paulo, onde nós temos uma grande quantidade de moradores.”

Na verdade, 8 milhões de moradores vivem naquela região, a qual, porém, oferece uma pequena quantidade de empregos. “Portanto, a sede do governo do Estado, estabelecendo-se numa região como aquela, pode promover desenvolvimento econômico, gerar emprego e um processo de transformação estrutural na nossa cidade. Só assim vale a pena mudar a sede do governo de São Paulo”, acrescenta o colunista.

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