História da Antártica remete ao papel geopolítico da região

Alvo de explorações e descobertas científicas, a região ainda é objeto de disputa entre países interessados no potencial que ela abriga

 09/04/2021 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 14/04/2021 as 16:52
As explorações na Antártica se iniciaram em fins do século 18, mas desde o século 20 o continente vem sendo alvo de disputas territoriais – Foto: IO/USP

Hoje, uma das regiões do mundo que mais chamam a atenção é a Antártica. No que se refere a termos geopolíticos e até ambientais, o local tem uma longa história de exploração e disputa, além de se mostrar como parte-chave para as políticas de diversos países. Não é à toa que ela está sujeita à configuração de cenários diplomáticos pelo mundo.

A professora Wânia Duleba, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo, em entrevista o programa Jornal da USP no Ar 1ª Edição, conta que “a Antártica sempre povoou o imaginário da humanidade, desde a época dos gregos”, chegando até o período das Grandes Navegações. As explorações da região se iniciaram, de fato, em fins do século 18, após as primeiras descobertas indicarem a existência de recursos naturais importantes. Durante a fase exploratória, era comum a atuação violenta de caçadores de baleias e focas, o que ameaçou a extinção dessas espécies na região.
“Depois da fase exploratória, veio a fase territorialista. Desde o século 20, vários atores começaram a reivindicar pedaços da Antártica”, afirma a professora, lembrando que, durante as guerras mundiais e a Guerra Fria, a região também entrou na disputa dos países. Por essa razão, foi firmado em 1959 um tratado “para amainar os ânimos, porque estavam vindo contingentes militares, tanto da União Soviética quanto dos Estados Unidos para a Antártica. Havia um temor muito grande de se ter uma guerra por causa disso”. Entre os principais pontos estabelecidos pelo tratado, estavam a liberdade de pesquisa científica e intercâmbio de dados pessoais.
Com isso, a professora Wânia comenta sobre os novos rumos da região: “A Antártica é uma região para fins pacíficos. Não pode ter explosão nuclear nem reivindicação territorial. Em 1959, esse tratado tinha alguns problemas, mas foi um grande marco”. Em termos geopolíticos, portanto, a região demonstra ser importante para os países envolvidos. Com acordos que garantem a paz e a não exploração mineral, por exemplo, a disputa, hoje, se concentra no conhecimento científico.
Por fim, também pode ser destacada a importância ambiental da região. “A Antártica deve ser preservada, porque ela tem um papel fundamental no balanço global do CO2. É o principal regulador térmico do planeta, não podemos arriscar com a exploração de hidrocarbonetos ou hidrato de gás.”

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