Governo deve manter reformas para dar mais segurança ao País

Para o professor Luciano Nakabashi, não é suficiente, mas é fundamental que o País foque nas reformas administrativas necessárias para estabilizar a relação dívida/PIB para a retomada da economia

 17/03/2021 - Publicado há 3 anos

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A mudança na expectativa de retomada da economia para o primeiro trimestre de 2021 em relação à do último trimestre de 2020 está relacionada a diversos fatores, segundo o professor Luciano Nakabashi no Reflexão Econômica desta semana. Nakabashi diz que, ao analisar pela perspectiva de 2020, a economia brasileira estava retomando a trajetória de crescimento relativamente rápido em relação a outras economias do mundo e existia uma expectativa que isso continuasse ao longo de 2021, mesmo vários analistas apontando alguns problemas que teriam que ser resolvidos.

Entre os problemas Nakabashi cita os causados pela pandemia, mas, sobretudo, a paralisação da agenda de reformas, especialmente aquelas relacionadas ao crescimento da dívida em relação ao PIB, nas três esferas de governo, federal, estadual e municipal. “Começamos 2021 com o problema fiscal e a piora da pandemia, na contramão do que acontece em outros países.”

Nakabashi fala dos problemas que aconteceram para a piora da pandemia, inclusive a falta de planejamento em relação à vacina, o que afeta a economia do País num momento em que as contas públicas já estavam fragilizadas pela própria pandemia em 2020. “Esse foi um erro grande do governo federal em termos estratégicos, em não focar em ter uma vacina pronta.”

O professor cita que, além dos efeitos sobre a saúde das pessoas e os sistemas de saúde em geral, essa falta de estratégia do governo federal não permitiu a retomada e manutenção da economia. E ainda que, além de todo o contexto de piora da parte fiscal do governo, que é natural, um processo de aumento inflacionário vai afetar os juros positivamente. “Isso, somado à questão da segunda onda, vai impactar de novo a economia já fragilizada e numa escala e rapidez muito maior do que se esperava.”

Outro problema apontado pelo pesquisador é a antecipação do debate eleitoral de 2022,  sobretudo na esfera federal, com a potencial candidatura do ex-presidente Lula. “Com isso, a tendência é que as medidas econômicas importantes sejam deixadas em segundo plano, o que é muito negativo.”

Para o professor, o ideal seria manter algumas reformas importantes, sobretudo dos gastos fiscais, para dar mais segurança para o País e pressionar menos ou até invertendo a trajetória do câmbio, “o que ajuda a segurar a inflação pela questão cambial e pela redução da incerteza.”

Segundo Nakabashi, com esse cenário de aumento de juros,  retração do PIB nos dois primeiros trimestres, taxa de desemprego muito alta e grande capacidade ociosa das empresas, seria necessário estímulos monetário e fiscal, mas não há espaço. “Então, deveríamos focar nas reformas para estabilizar a questão da dívida/PIB, o que não é o suficiente, mas é fundamental para que consigamos colocar o País no eixo e fazer a economia andar, o que pode beneficiar a todos”, finaliza.


Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente,  quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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