“Estamos, desde a década de 1980, em estagnação econômica”

Para Roberto Macedo, a estagnação iniciada nessa época deixa marcas até hoje e é acentuada por recessões, como foi a deste ano, agravada pela pandemia

 04/11/2020 - Publicado há 3 anos
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O Jornal da USP no Ar recebeu hoje (4) Roberto Macedo, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, para tratar sobre a economia na atual conjuntura, considerando as eleições nos Estados Unidos, o impacto da segunda onda de pandemia, além dos problemas internos da economia. 

O professor considera como começo dos problemas a década de 1980, quando o Produto Interno Bruto (PIB) crescia em uma taxa abaixo do seu potencial. “Estamos, desde então, em estagnação. Antes disso, crescíamos a uma taxa de 7%; a população aumentou, mas ainda víamos um produto potencial de 4%, mas passou a crescer a 2%”, explica. 

Mais recentemente,  a crise foi agravada por um momento de recessão, uma convenção entre economistas para se referirem a dois trimestres consecutivos com queda de PIB. “Foi o que aconteceu neste ano: caiu no primeiro trimestre e no segundo também. Mas isso é um contexto específico, porque, além da estagnação, temos uma depressão que vem desde 2015, com uma queda de 6%, da qual se recuperou apenas 3%.”

Em termos fiscais, ele explica que o governo gasta muito mais do que arrecada, o que gera um déficit, acentuado pela pandemia. “Esse cenário agrava a dívida pública, a qual eu não sei quando será recuperada”, explica o professor, que se lembrou de uma situação de quando foi diretor da FEA nos anos 1990. “Certo dia, o pessoal do Centro Acadêmico me procurou, preocupado, para conversarmos sobre o mercado de trabalho. Já havia uma crise, existiam complicações, sem empregos. Naquele momento, me lembrei do filósofo espanhol Ortega y Gasset, que dizia: ‘Eu sou eu e minha circunstância’. Acho que vale para este momento também, por isso temo muito pelos jovens.”

Sobre a situação para o ano de 2021, o professor acredita que dependemos dos próximos acontecimentos em relação à pandemia da covid-19, especialmente em relação à presença ou não de vacina. “A economia parada em alguns setores depende de poder aquisitivo, como é o caso do setor de serviços. Não adianta o governo liberar, mas as pessoas não se sentirem confortáveis para sair – até porque ainda não temos vacina”, aponta Macedo. 

Ouça a íntegra da entrevista no player.


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