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Existe uma violência sistemática da polícia contra negros, destaca Renato Janine Ribeiro na coluna  Ética e Política  desta semana. Ele analisa o caso ocorrido na periferia de São Paulo envolvendo um policial militar que pisou no pescoço de uma mulher negra que estava imobilizada. Para o colunista, é muito significativo que o PM tenha feito o mesmo que ocorreu no caso estadunidense de George Floyd – homem negro que morreu asfixiado quando um policial branco ajoelhou em seu pescoço, e cuja morte desencadeou uma série de protestos tanto nos Estados Unidos como em outras partes do mundo.

“Não tenho outra hipótese a não ser dizer: é de propósito”, avalia o professor. Para o colunista, ao fazer isso, é como se o policial quisesse mostrar que, em outros lugares, pode até haver protestos, ou pessoas pedindo punição para fatos semelhantes, ou que, em outros lugares, pegue mal. Mas aqui, no Brasil, não haverá punição.

Janine comenta que essa ideia também está presente nas pessoas que fazem comentários maldosos contra pobres, como dizer que eles são vagabundos, ou que vão atrás de um prato de comida para não terem de trabalhar. “No Brasil você faz o que quiser porque o sistema foi construído ao longo de cinco séculos para que esse tipo de abuso fique impune”, destaca, lembrando que muitas vezes os abusadores são da mesma origem social e étnica daqueles que são abusados. “É uma forma econômica de fazer a guerra aos pobres, porque os pobres mesmos se encarregam disso.”

O colunista sugere que, para mudar essa situação, é preciso que os governos estaduais adotem medidas severas de punição para esse tipo de abuso. Uma outra medida é aumentar a representatividade dessas pessoas na política, para que 50% dos vereadores, deputados estaduais e federais sejam homens e mulheres, negros e indígenas.

Ouça, no link acima, a íntegra da coluna  Ética e Política.