Na coluna Horizontes do Jornalismo desta semana, Carlos Eduardo Lins da Silva trata da violência digital contra jornalistas e a falta de suporte por parte dos empregadores. Para o professor, as empresas de mídias sociais ainda fazem pouco e deveriam minimamente impedir a priorização de postagens de cunho agressivo que levam a mais visualizações.
Lins da Silva comenta que os danos psicológicos sofridos pelos assediados são imensos e recorrentes, portanto, “as empresas jornalísticas deveriam dar aos seus funcionários assistência psicológica, emocional, jurídica e, em alguns casos, deveria, principalmente, levar a sério as eventuais reclamações que os seus empregados jornalistas fazem”. Já em relação às plataformas de mídias sociais, essas deveriam mudar os algoritmos que dão prioridade a postagens agressivas, porque atraem mais leitura: “Elas têm obrigação moral de impedir que esse tipo de assédio continue, o que elas têm feito muito pouco”.
Segundo o colunista, os danos emocionais decorrentes do assédio podem levar inclusive à desistência da profissão: “Há uma pesquisa feita em 2018 pela Fundação Internacional de Mulheres na Mídia, dos Estados Unidos, que mostra que 2/3 das mulheres jornalistas diziam ter sofrido esse tipo de assédio e 1/3 pensava em desistir da profissão. É realmente impressionante como isso pode ter efeitos danosos para uma pessoa”.
Lins da Silva finaliza ao afirmar que o assédio tem sido comum inclusive por parte de autoridades: “Temos visto aqui, no Brasil, o assédio não só nas mídias sociais, mas até pelas autoridades. É muito comum o presidente Bolsonaro, por exemplo, assediar e insultar jornalistas mulheres em muito maior quantidade do que jornalistas homens e, aqui no Brasil, temos esse agravante que é o fato de os bolsonaristas colocarem nas redes sociais informações particulares sobre as suas vítimas jornalistas, o que faz aumentar a pressão sobre essas pessoas”.
Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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