
Política e economia não se entendem pelos lados de Brasília. A última semana foi tomada pela continuidade do conflito entre o mercado e a política do governo em relação ao ajuste fiscal. Esse quadro é analisado pelo sociólogo Augusto Rodrigues em sua coluna semanal. Os agentes econômicos, diz ele, desejam um ajuste mais forte e rápido, enquanto a classe política defende um ajuste mais leve e lento, por meio do qual as medidas mais duras seriam implementadas somente após as eleições municipais de outubro.
O mercado, por sua vez, reage, cobrando um ajuste fiscal mais intenso e mais forte, da mesma forma que alguns partidos desejam mais coerência do governo Temer e criticam as concessões realizadas na questão da renegociação da dívida dos Estados e na concessão de reajustes salariais aos servidores públicos. Na soma dos números, o que se pede do governo é mais rigor em relação à austeridade fiscal e, por outro lado, que Michel Temer deixe de lado suas ambições políticas relativas à campanha de 2018.
Para Rodrigues, está cada vez mais claro que a proposta de estabilização econômica do mercado e da grande imprensa está desalinhada, e que não compartilha dos interesses da área política do governo e de seus aliados no Congresso.