Inteligência Artificial quebra fronteiras e apresenta novas possibilidades

O crescimento da utilização de sistemas autônomos é analisado pelos professores Glauco Arbix e Fabio Gagliardi Cozman em mais uma edição do “Diálogos na USP”

 16/08/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 05/09/2019 as 16:41
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Inteligência Artificial, ou IA, é um ramo da ciência da computação que se propõe a elaborar dispositivos que simulem a capacidade humana de raciocinar, perceber, tomar decisões e resolver problemas, ou seja, a capacidade de ser inteligente.

O tema se tornou recorrente em filmes e livros de ficção científica, e talvez um dos exemplos mais conhecidos – e também um dos mais assustadores – é o computador HAL-9000 de 2001, Uma Odisseia no Espaço. Isso sem se falar em séries como Black Mirror.

Mas se na ficção a Inteligência Artificial pode assustar, na vida real ela é extremamente importante. Suas aplicações são as mais variadas, indo desde jogos e programas de computador até aplicativos de segurança para sistemas informacionais, robótica (robôs auxiliares), dispositivos para reconhecimentos de escrita a mão e reconhecimento de voz e programas de diagnósticos médicos, por exemplo.

Contudo, há um certo temor com relação a um aspecto específico: o quanto o uso de robôs inteligentes pode tirar vagas de humanos no mercado de trabalho. Em entrevistas com 14 mil pessoas de 14 países, o Índice Anual do Estado da Ciência mostrou que 62% dos entrevistados disseram sentir medo do avanço dos robôs no ambiente de trabalho.

Para responder sobre a importância crescente da Inteligência Artificial no nosso cotidiano, o Diálogos na USP, apresentado por Marcello Rollemberg, recebeu os professores Glauco Arbix,  titular do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e coordenador do Observatório de Inovação do Instituto de Estudos Avançados da USP, e Fabio Gagliardi Cozman, titular da Escola Politécnica da USP e ex-coordenador da Comissão de Inteligência Artificial da Sociedade Brasileira de Computação.

Marcello Rollemberg, Glauco  Arbix  e Fabio Gagliardi Cozman no Diálogos na USP – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Fabio Cozman relembrou que a ideia de inteligência artificial é muito antiga e envolve diferentes campos do conhecimento. “Havia filósofos de séculos atrás que já tinham o interesse de montar máquinas que calculassem, que fizessem algum tipo de raciocínio lógico”, conta. Contudo, a ideia só se solidificaria a partir da metade do século 20, após um período de estudos sobre cibernética e automação. “Em 1956, houve um seminário intitulado Inteligência Artificial, no qual algumas poucas pessoas discutiram o tema. Foi aí que surgiu essa expressão”, explicou o professor.

Glauco Arbix enfatizou a atratividade da ideia de que os algoritmos possam aprender a partir de um treinamento, que “prenuncia uma mudança de qualidade em relação ao passado. Não é só um processo automático, mas é um processo em que a máquina se autotreina”. Um grande exemplo são chips produzidos pela Nvidia que estão sendo utilizados na elaboração de carros autônomos. “O chip vai aprendendo com quem está dirigindo. Não é que alguém está ensinando ou programando, o algoritmo consegue capturar o tipo de movimento e acaba se desenvolvendo. Quanto mais se dirige, mais ele aprende”, disse Arbix.

Cozman ressaltou os grandes avanços feitos nos últimos anos e disse acreditar que, “há 20 anos, a maioria das pessoas não imaginava que as fronteiras iriam chegar aonde elas chegaram hoje. Poucos esperavam que realmente fosse possível usar a quantidade de dados que usamos hoje”. O poder computacional, a capacidade de dirigir automóveis e os chatbots são alguns dos exemplos desse avanço da fronteira da inteligência artificial.

Arbix destacou a dificuldade para criar uma regulamentação que seja efetiva mas que, ao mesmo tempo, não crie barreiras para o desenvolvimento de novas tecnologias: “O grande desafio é você conseguir regulamentar sem castrar a inventividade e criatividade da pesquisa”. Como a nossa sociedade normalmente trabalha com resoluções a posteriori, o professor aponta que “a inteligência artificial está ampliando a cada dia suas fronteiras, e cada vez que ela faz isso, ela coloca problemas novos”.

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