Regulamentação sobre prevenção de incêndio precisa ser aprimorada

Especialista conta que projeto que dá autonomia aos bombeiros espera aprovação do governo do Estado desde 2015

 21/05/2018 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 22/05/2018 as 14:03
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Construções que datam da década de 1960 para trás não costumam apresentar sistemas contra incêndios em seus projetos. Consequentemente, não são raros os casos de prédios antigos que acabam tomados pelo fogo a partir de um princípio de incêndio. Tragédias como a do Edifício Andraus, em 1972, e do Joelma, em 1974, levaram ao entendimento de que regulamentação e fiscalização rigorosas eram necessárias, conta  Antonio Fernando Berto, engenheiro civil pela Escola Politécnica da USP, pesquisador responsável pelo Laboratório de Segurança ao Fogo e a Explosões do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.

A preocupação com a segurança contra incêndios no Edifício Wilton Paes de Almeida, que ruiu no início do mês, era bastante limitada, lembra Berto. A situação se agrava quando os prédios são tomados por ocupações desordenadas. O risco de incêndio nesses casos é ainda maior, uma vez que a condição de instalação das famílias costuma ser bastante precária, completa. O pesquisador dá exemplo de fatores que facilitam o alastramento do fogo pelos andares: ausência de subdivisão entre os pavimentos, abundância de material combustível, elevadores desprotegidos, escadas enclausuradas e fachada completamente envidraçada.

A primeira regulamentação sobre o tema, conta Berto, surgiu em São Paulo, em 1983. Até então, as regras eram insuficientes, se limitavam a exigir a presença de hidrantes e extintores de incêndio nos prédios. Segundo o pesquisador, hoje a regulamentação é muito coerente, apesar de ainda carecer de aprimoramento. Ele revela que a ação dos bombeiros ainda hoje é limitada. Vistorias de prédios só podem acontecer a partir de determinação da prefeitura, por exemplo. Nesse sentido, em 2015 foi apresentado ao governo do Estado de São Paulo um projeto que dá ao Corpo de Bombeiros autonomia para aplicação de sanções, multas e prazos. Se aprovado, será um grande avanço, avalia Berto.   

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