Metagenômica é a técnica que permite estudar genomas de micro-organismos de um nicho ecológico sem a necessidade de realizar culturas individuais. Até o momento, é sabido que o método traz avanços na área da saúde, na produção de alimentos e remédios. Maria Eugênia Guazzaroni, professora do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, explicou como a metagenômica funciona.
A bióloga conta que, até a última década, os pesquisadores se viam limitados a estudar micro-organismos que podiam ser cultivados em laboratório. Existe uma infinidade de outros organismos que só crescem em ambientes muito específicos, impossíveis de reproduzir. A metagenômica é a extração do DNA misturado de seres que vivem nos mais diversificados tipos de ambientes. Com a técnica, é possível estudar muitos genes que antes eram desconhecidos.
Recentemente, pesquisadores do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) encontraram um gene que, em combinação com enzimas já existentes, aumenta a produção de etanol de segunda geração, proveniente do bagaço da cana, muitas vezes inutilizável. A professora Maria Eugênia destaca ainda outras finalidades. Micro-organismos que causam doenças podem ser substituídos por saudáveis, o que já é feito no tratamento de alguns tumores. Genes que inibem o crescimento de parasitas também podem ser utilizados na produção de remédios, o que está sendo estudado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. A metagenômica ainda é uma ferramenta no campo da agricultura e na consequente produção de alimentos.
Jornal da USP, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.
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