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Valorizar pessoas que fizeram parte da constituição da história e identidade da Faculdade de Educação (FE) da USP, além de tornar acessível o potencial educativo que essa pesquisa, mapeamento e coleta de dados assumirá para estudos posteriores, são os objetivos do projeto idealizado e coordenado pelo professor Marcos Garcia Neira. Registro histórico por meio de relatos biográficos de docentes aposentados(a): valorizando e reconstruindo a história da FEUSP foi realizado entre os anos 2020 e 2022, a partir de análises documentais e entrevistas com os professores que protagonizaram, no passado, a trajetória da instituição. Os relatos estão disponíveis neste link.
Segundo o coordenador, o projeto surgiu por conta das comemorações dos 50 anos da Faculdade de Educação, comemorados em 2019, e contou com o trabalho de duas bolsistas do Programa Unificado de Bolsas de Estudos para Estudantes de Graduação (PUB) – que integra a Política de Apoio à Permanência e Formação Estudantil da USP – na vertente “pesquisa”, Millena Miranda e Vanessa de Jesus Campos, ambas alunas do curso de Pedagogia. São mais de 100 relatos biográficos de todos os professores aposentados da faculdade. “Uma forma singela de prestar homenagem a quem tanto contribuiu para a melhoria da educação e da sociedade”, afirma Neira.
Em sua primeira fase, o projeto levantou informações de todos os professores aposentados da faculdade – a relação completa foi fornecida pelo Serviço de Pessoal da unidade. Como conta o coordenador, os professores e professoras foram localizados por telefone, e-mail ou através de familiares e amigos, e convidados a responder a uma entrevista. “Houve quem escreveu seu próprio relato autobiográfico, gravou, desejou ser entrevistado por telefone, videoconferência e até presencialmente, recebendo a pesquisadora em casa”, lembra. Já os dados biográficos dos professores falecidos, diz, foram obtidos em fontes documentais.
“Uma instituição de ensino, pesquisa e extensão é construída pelas pessoas que nela trabalham. Ao ingressar como docente, estudante ou funcionário na Faculdade de Educação da USP recebemos um importante legado daqueles que dedicaram suas vidas à formação de professore e professoras, à produção e divulgação de conhecimentos”, garante o coordenador, acrescentando que todos os relatos biográficos são muito especiais “porque narram momentos escolhidos, memórias de pessoas que tanto marcaram a instituição na qual ensinaram e, conforme se pode constatar nos testemunhos disponíveis no site, viveram intensamente”.
Alguns relatos
“A FEUSP foi e é o meu lar. A ela pertenço em coração e alma. Agradeço a todos os colegas que me propiciaram novos olhares a respeito da Educação. E com os colegas do meu antigo departamento e agora da pós-graduação encontrei uma irmandade na investigação do que ocorre nas Ciências Humanas, com destaque à Psicologia, à Psicanálise e Educação, meus principais campos de trabalho” (Leny Magalhães Mrech). Já Myriam Krasilchik, que foi diretora da FEUSP por dois mandatos (1990 a 1994 e 1998 a 2002) e exerceu o cargo de vice-reitora da USP (1994 a 1998), aposentando-se compulsoriamente em 2002, por ter atingido a idade limite de 75 anos, destacou na entrevista que “trabalhar na FEUSP foi e continua sendo uma grande experiência”.
Celso Fernando Favaretto destacou como momentos mais marcantes, durante sua atuação na FEUSP, todo o período em que trabalhou como professor de Metodologia do Ensino de Filosofia, e também a formulação de um projeto específico de Ensino de Filosofia, que repercutiu na legislação e na formação de docentes do ensino médio, e a notoriedade sobre questões de arte, cultura e política no Brasil, após a publicação do seu livro A invenção de Hélio Oiticica, em 1992.
Há também diversas homenagens a professores falecidos, como a de Olga Thereza Bechara, no site da FEUSP, feita pelo Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação e o Centro de Memória da Educação da Faculdade de Educação da USP: “Olga, ao lado de Maria Nilde Mascellani, protagonizou uma das iniciativas mais importantes no campo das políticas públicas direcionadas à democratização do ensino secundário no Brasil, os Ginásios Vocacionais (1961-1969). Apoiou o CME – FEUSP em suas diversas iniciativas de pesquisa para reconstrução histórica deste projeto educacional, violentamente interrompido pela ditadura civil-militar, projeto de curta duração, mas de profunda incidência sobre os rumos da educação brasileira”.
Para conferir todos os relatos, acesse a página do projeto neste link.