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“Os olhos ardem, a garganta resseca, as narinas queimam e os pulmões sufocam. É a vida humana em risco. Entre passado e presente, a ideia de progresso se esvai como fumaça.” Esse é o fio norteador de Onde há fumaça – Arte e Emergência Climática, a nova exposição temporária do Museu do Ipiranga, o Museu Paulista (MP) da USP. A exposição será inaugurada no dia 5 de novembro e ficará no Salão de Exposições Temporárias do museu, com entrada gratuita. A visitação é de terça a domingo, das 10 às 17 horas, sendo a última entrada às 16 horas.
Sob a curadoria do Micrópolis, grupo formado pelos arquitetos e pesquisadores Felipe Carnevalli, Marcela Rosenburg e Vítor Lagoeiro, o acervo histórico do Museu do Ipiranga dialoga com obras de artistas contemporâneos, destacando o processo de degradação ambiental e social ao longo do tempo. A proposta da exposição é questionar a ideia de progresso ainda dominante, em contexto de crise climática global.
A exposição trará pinturas e fotografias do tempo passado e do presente. Artistas como Benedito Calixto e Henrique Manzo, importantes pintores paulistas do final do século 19 e início do século 20, dialogam com trabalhos de artistas como Alice Lara, André Vargas, Bruno Novelli, Davi de Jesus do Nascimento, Anderson Kary Bayá e Xadalu Tupã Jekupé. A justaposição é uma escolha da curadoria que busca fomentar reflexões de como a construção da sociedade se deu e se dá ainda hoje. “As obras contemporâneas de diferentes maneiras perpassam o universo do agronegócio, das florestas devastadas, da secura dos rios, do racismo ambiental e da exploração dos corpos, mas também trazem a resistência do que resta, a potência do que se imagina e a esperança do que se constrói coletivamente”, afirma a curadora Marcela Rosenburg.
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Esta é a primeira exposição do museu desde a sua reabertura com uma curadoria totalmente externa. “Nos preocupamos em usar a memória e o patrimônio histórico como ferramentas de diálogo com o presente. Por isso, conectar nosso acervo com questões contemporâneas, como a emergência climática, é pauta central para a instituição”, diz a Aline Montenegro Magalhães, professora e chefe da Divisão de Acervo e Curadoria do museu.
Como parte desse diálogo, foi incluído o trabalho de ativistas, cientistas e projetos sociais, como as obras do cientista britânico Ed Hawkins e do ambientalista brasileiro Eduardo Góes Neves. Felipe Carnevalli, um dos curadores, complementa: “Vemos o museu como espaço de diálogo entre campos do saber, por isso o desejo de trazer, junto das obras dos artistas, trabalhos que não estão no contexto artístico, mas que subvertem a própria ideia de arte quando colocados nesse lugar”.
Exposição Onde há fumaça – Arte e Emergência Climática
Data: 5/11/24 a 28/2/2025 (visitação de terça a domingo)
Horário: 10 às 17 horas (última entrada às 16 horas)
Local: Salão de Exposições Temporárias
Entrada gratuita (somente para esta exposição)
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*Estagiária sob supervisão de Thais H. Santos e Claudia Costa, com informações da Assessoria de Imprensa do Museu do Ipiranga