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Com o objetivo de avaliar a inserção profissional de ex-alunos da Faculdade de Medicina (FM) da USP no mercado de trabalho e no sistema de saúde, um novo artigo publicado na Revista Médica da USP analisou o perfil profissional dos graduandos de 1999, 2000, 2009 e 2010. Ao todo, 602 médicos integraram o levantamento.
“Pesquisamos quatro turmas formadas em momentos diferentes, ou seja, médicos expostos há mais e menos tempo ao mercado de trabalho”, diz Alexandre Santos Schalch, estudante de iniciação científica na FM e autor do artigo. A publicação contou com orientação dos professores Alicia Matijasevich e Mario Scheffer, ambos do Departamento de Medicina Preventiva.
Após a obtenção das informações disponíveis para cada indivíduo, as circunstâncias profissionais dos médicos foram divididas entre vínculos públicos, como em hospitais que atendem ao Sistema Único de Saúde (SUS), atenção primária à saúde em Unidades Básicas de Saúde (UBSs), docência ou pesquisa em universidade pública, e vínculos privados, como em hospitais privados, consultórios ou clínicas particulares, entre outros.
“Em grandes universidades estrangeiras há um esforço para entender e acompanhar seus egressos, a fim de produzir dados que possam guiar as decisões institucionais”, explica Alexandre Schalch. Para o estudante, conhecer a atuação dos profissionais de saúde contribui para o aprimoramento das instituições formadoras e para o planejamento de políticas públicas de educação e saúde.
A maior parte dos egressos da FM analisados na pesquisa trabalhava tanto no setor público quanto no setor privado (52,8%), enquanto uma minoria (10,1%) possuía apenas vínculos públicos. Os 37,1% restantes possuíam apenas vínculos privados.
Entre os médicos formados em 2009 e 2010, houve menor frequência de indivíduos trabalhando exclusivamente no setor privado. Já entre os formados em 1999 e 2000, houve um contingente maior de profissionais servindo apenas no setor público ou com “dupla prática” (setores público e privado).
Além disso, a análise dos vínculos públicos revela que a maioria é concentrada na atenção hospitalar. Assim, 85% dos indivíduos estudados que trabalham com esse vínculo estão inseridos em hospitais públicos, enquanto apenas 5,3% estão na atenção primária à saúde.
“Nas turmas que estudamos de fato há uma baixa inserção na atenção primária à saúde, que pode estar relacionada à nossa ampla exposição desde a graduação à alta complexidade que é o Hospital das Clínicas”, diz Alexandre Schalch. Sobre esse ponto, ele explica que as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de Medicina já caminham no sentido de mudanças, estabelecendo cargas horárias maiores para a atenção primária.
O artigo ainda aponta que manter a capacidade de formar especialistas em áreas fundamentais, além de fomentar vocações para a atenção primária, essencial ao sistema de saúde, é um desafio curricular e institucional para diversas instituições, inclusive a FM. “É importante dizer que o sistema de saúde precisa de cirurgiões, clínicos e especialistas para a atenção primária, mas não é um problema algumas instituições terem maior vocação para uma ou outra grande área”, diz Alexandre.
O artigo está disponível em https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/182234/179981
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Texto: Assessoria de Comunicação da FMUSP
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