Ciclo de debates traz novos olhares sobre atuação de órgão de repressão da ditadura

Evento acontece nos dias 2, 8 e 9 de agosto no Centro de Preservação Cultural da USP, na Rua Major Diogo 353, no bairro da Bela Vista

 01/08/2023 - Publicado há 11 meses     Atualizado: 02/08/2023 as 16:39
Evento explica atuação do DOI-Codi durante a ditadura militar- Foto: Wikipedia

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Especialistas, pesquisadores, militantes dos direitos humanos e ex-presos políticos brasileiros estarão reunidos para falar sobre a repressão do Estado no ciclo de debates Conhecendo o DOI-Codi/SP.  Os debates acontecerão de forma presencial nos dias 2, 8 e 9 de agosto na Casa de Dona Yayá, sede do Centro de Preservação Cultural (CPC) da USP, em parceria com o Grupo de Trabalho Memorial DOI-Codi/SP, coordenado pela historiadora Déborah Neves.  O objetivo do evento é ampliar o conhecimento sobre o que foi esse órgão, sua atuação, seu impacto até os dias atuais e a importância das pesquisas sobre esse período da história do Brasil. O evento será presencial, com participação mediante inscrição prévia e entrega de certificados.

DOI-Codi é a sigla pela qual ficou conhecido o Destacamento de Operações de Informação (DOI) – Centro de Operações de Defesa Interna (Codi), órgão de repressão subordinado ao Exército brasileiro que atuou durante a ditadura implantada após o golpe militar de 1964. O DOI-Codi surgiu a partir da Operação Bandeirante (OBAN), criada em 1969, período mais duro da repressão política, para coordenar e integrar as ações dos órgãos de repressão a indivíduos ou organizações de esquerda que representassem ameaça à manutenção do regime. O Destacamento de Operações de Informação era responsável pelas ações práticas de busca, apreensão e interrogatório de suspeitos, e o Centro de Operações de Defesa Interna  pela análise de informações, coordenação dos diversos órgãos militares e  planejamento estratégico do combate aos grupos de esquerda. Embora fossem dois órgãos distintos, eram frequentemente associados na sigla DOI-Codi, o que refletia o caráter complementar dos dois órgãos.

Estabelecido em praticamente todos os estados da federação, em São Paulo as suas instalações eram localizadas na Rua Tutóia, no bairro do Paraíso, onde atualmente funciona o 36° distrito policial. O comando de São Paulo foi dado ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, então com de 38 anos. Até 1974, quando da transferência de Ustra para Brasília, passaram pelo DOI dois mil presos, entre eles Vladimir Herzog, diretor de jornalismo da TV Cultura, torturado e assassinado após se apresentar voluntariamente para prestar depoimento após convocação. Esse e outros episódios, devidamente investigados e documentados, confirmam que os DOI-Codi eram efetivamente locais de tortura daqueles que se opuseram à ditadura civil-militar no Brasil. 

O evento Conhecendo o DOI-Codi/SP  integra o projeto de investigação arqueológica que acontecerá de 2 a 14 de agosto nas antigas instalações do DOI-Codi de São Paulo, realizado pelo LAP/Unicamp, LEAH/Unifesp e DAA/UFMG, com financiamento do CNPQ e Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp. Além das pesquisas no local serão oferecidas oficinas de formação de professores, de alunos dos ensinos Fundamental e Médio. A professora Flávia Brito do Nascimento, diretora do CPC, ressalta a importância de se preservar a memória desse período dramático: “é uma honra para o CPC abrir esse espaço de reflexão sobre os atos de repressão que atingiram toda a sociedade brasileira, notadamente intelectuais, acadêmicos e estudantes. A memória da USP também é marcada por casos de desaparecimento e assassinato de alunos, professores e funcionários, relatados com muita seriedade pela Comissão da Verdade da USP , criada em 2013 para examinar e esclarecer essas graves violações aos direitos humanos praticadas entre 1964 e 1985.”

Programação

2 de agosto de 2023 – quarta-feira, das 14h às 17h

Documentos de verdade e justiça
Mediação: Marian Joffily (UDESC), autora do livro No centro da engrenagem
Exibição do documentário O dia em que a justiça entrou no DOI-Codi (21 min.)
Convidados: Amelinha Teles, jornalista, ex-presa política; Camilo Tavares, cineasta; Flávio Bastos, advogado e representante do Núcleo Memória.

8 de agosto de 2023 – terça-feira, das 19h às 21h30

Aparato policial na lógica da tortura, ontem e hoje
Mediação: Deborah Neves, coordenadora do GT Memorial DOI-Codi/SP
Convidados: Valéria Oliveira, Mães de maio/CAAF; Célia Rocha Paes, arquiteta, ex-presa política; Marcelo Godoy, jornalista, autor do livro A casa da vovó (2015); Moacyr Oliveira, diretor de jornalismo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e assessor da presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), ex-preso político.

9 de agosto de 2023 – quarta-feira, das 14h às 17h

Novos olhares sobre a ditadura e o vivido no DOI-Codi
Mediadora: Sônia Fardim, historiadora
Convidados: Janice Theodoro, professora titular da USP, ex-presa política; Célia Rocha Paes, arquiteta, ex-presa política; Ana Paula Brito, museóloga e historiadora, coordenadora da Rede Brasileira de Pesquisadoxs de Sítios de Memória e Consciência (Rebrapesc).

As inscrições são gratuitas por meio de formulário eletrônico:
Dia 2/8: https://forms.gle/c4uddsTRExXx99vV7
Dia 8/8: https://forms.gle/D7m63AyRG8VmCE5s7
Dia 9/8: https://forms.gle/TKBmg52633oK1HqY9

O Centro de Preservação Cultural da USP/Casa de Dona Yayá fica na Rua Major Diogo 353, no bairro da Bela Vista, em São Paulo. Mais informações no site www.usp.br/cpc, Facebook, Instagram ou pelo telefone (11) 2648-1511.

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Por Serviço de Informação e Comunicação da Casa de Dona Yayá

 


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