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A violência escolar pode se manifestar de muitas formas. Além do conflito na relação entre professor e aluno, com agressões físicas e verbais, pode haver violências diversas dentro do ambiente das escolas, como depredação ao patrimônio ou mesmo uma violência da própria instituição em relação aos estudantes. Segundo especialistas, trata-se de uma questão complexa, que reflete no desenvolvimento dos alunos e tem alcançado números alarmantes em várias partes do mundo, inclusive no Brasil.
Para melhorar o conhecimento dos envolvidos no ambiente escolar sobre esta temática, pesquisadores do Grupo de Estudos Interdisciplinar sobre Violência (Greivi) da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP criaram a cartilha Violência Escolar: Ações de Intervenção e Prevenção.
Segundo a professora da EERP Zeyne Scherer, o material foi elaborado para ampliar o conhecimento de alunos, familiares, professores, coordenadores, diretores, funcionários e outros interessados. Uma das idealizadoras da cartilha, ela afirma que a expectativa é que isso os leve a responder positivamente frente a situações de violência e a adotar medidas preventivas, consequentemente, promovendo a saúde mental nas instituições de ensino.
A cartilha foi elaborada a partir das discussões no Greivi, no Observatório Permanente Violência e Crime (OPVC) da Universidade Fernando Pessoa (UFP) de Porto, em Portugal e, dos resultados do projeto Oficina: Habilidades para o Enfrentamento da Violência Escolar.
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Orientações sobre violência escolar
A cartilha criada pelos pesquisadores traz um conteúdo atual e aborda temas como: as formas de manifestação da violência escolar; classificação da violência quanto à natureza dos atos; bullying; consequências da violência escolar na saúde, na cognição e na socialização. Também traz informações sobre ações de intervenção e prevenção e de programas socioeducacionais e, ainda, sobre o cyberbullying.
Capacitar os profissionais das escolas, discutir o tema com a comunidade e buscar ajuda e parcerias com especialistas são algumas das ações sugeridas para prevenir situações de violência.
A cartilha está disponível on-line e nas escolas públicas de educação básica de Ribeirão Preto.
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Capacitação e reflexão
A oficina que contribuiu para a execução da cartilha é resultado do projeto Oficina: Habilidades para o Enfrentamento da Violência Escolar, que teve como objetivo proporcionar momentos de capacitação e reflexão para profissionais da educação – professores, coordenadores, diretores, agentes de organização escolar e técnicos administrativos – da Diretoria de Ensino Região Ribeirão Preto. Foram realizados diálogos a respeito da violência escolar, exercícios e testes de casos práticos e atividades programadas com pequenos grupos.
Este projeto colaborou também para a formação de estudantes de graduação e de pós-graduação, por meio de ações no campo da educação, capacitando-os para a confecção e difusão de tecnologias de ensino destinadas ao enfrentamento da violência escolar e à promoção de saúde mental; a aquisição de responsabilidade social e coletiva, estimulando-os na produção de projetos de extensão e de cultura coletivos, em parceria com as comunidades assistidas; o desenvolvimento de habilidades em métodos de pesquisa e elaboração de relatórios técnicos e divulgação do conhecimento científico em periódicos nacionais e internacionais.
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Também, desde 2009, são desenvolvidos projetos vinculados à Pró-Reitoria de Cultura de Extensão Universitária da USP a fim de trabalhar a autoestima, a tolerância e a cooperação entre estudantes do ensino fundamental de uma escola da cidade de Ribeirão Preto. Esses projetos são coordenados pela professora Zeyne e contam com a participação de pesquisadores, alunos de graduação e de pós-graduação, profissionais da saúde e da educação do Greivi e do OPVC da UFP.
A escolha desta escola foi em função da alta frequência de incidentes de violência e dificuldades na condução do processo de ensino-aprendizagem. Aliado a isso, houve a disponibilidade e o interesse da direção e de professores para o desenvolvimento de pesquisas, e de coordenadores ou assistentes de direção atuantes, empenhados em promover ações de cidadania e cultura.
De acordo com a professora Zeyne, a partir das reflexões dos participantes e discussões sobre os valores, práticas e vivências, foram elaborados os temas enfocados na cartilha. Antes de sua distribuição, o material foi revisado por especialistas na temática e em educação.