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O educador social cuida e fortalece crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, no entanto, quem cuida deles? Uma parceria dos cursos de Terapia Ocupacional, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, e de Psicologia, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, realiza encontros mensais com esses profissionais, pensando não só em capacitação, mas, principalmente, no bem-estar deles. Essas reuniões ocorrem no Espaço Cultural de Extensão Universitária (ECEU) da Faculdade de Medicina.
O projeto se chama Capacitação e Desenvolvimento Profissional de Educadores Sociais e tem como coordenadores os professores Maria Paula Panuncio Pinto, da FMRP, e Sérgio Kodato, da FFCLRP. São oficinas e miniaulas para auxiliar a educação continuada e a formação desses educadores. A equipe da USP atende 80 educadores sociais vinculados aos 14 Núcleos de Atenção à Criança e Adolescente de Ribeirão Preto. Também participam os funcionários da limpeza e da cozinha, além dos acompanhantes das crianças assistidas nos núcleos.
“O objetivo é oferecer recursos para que esses profissionais contribuam no desenvolvimento de habilidades das crianças e adolescentes em lidar com o cotidiano adverso. As atividades do projeto da USP proporcionam um espaço de redescoberta, recriação e aprendizado para que, ao acolher, possam, inclusive, reconhecer as crianças que precisam de encaminhamentos para serviços de saúde”, conta Maria Paula.
Com um ano de existência, essas atividades encerraram em agosto a primeira etapa do projeto. Para comemorar o que avaliam como conquista, os coordenadores do projeto reuniram todos os professores da USP, alunos bolsistas e profissionais dos núcleos em uma oficina marcada por descontração, que envolveu até mesmo os jornalistas que cobriram o evento, que contou com intervenções da atriz Marcella Lomas e do músico e produtor musical Pedro Sossego.
Artes e atividades artísticas, segundo a professora da FMRP, são marcas do projeto utilizadas como “estratégias potentes” no trabalho com as crianças e adolescentes. “Também são muito importantes para a formação dos estudantes da USP (bolsistas do projeto), por envolver a formação humanística, tão fundamental para os profissionais da saúde”, ressalta Maria Paula.
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800 atendimentos por mês
De acordo com a professora, as crianças e adolescentes que frequentam os Núcleos de Atenção à Criança e Adolescente de Ribeirão Preto vivem em situação de risco, de extrema pobreza, violência doméstica e monoparentalidade, embora estejam sob a guarda dos responsáveis.
Muitas vivem em ambientes adversos, trazem carga emocional maior, testam limites e, em alguns casos, apresentam comportamento agressivo, por isso é necessário preparo profissional e emocional para lidar com a situação. “Nós não trabalhamos para negar um problema, mas sim para enfrentá-lo, além de mostrar um futuro para essas crianças”, afirma a coordenadora do projeto da USP.
As famílias, usuárias do Sistema Único de Assistência Social e Proteção Básica, são encaminhadas pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) para frequentar o núcleo durante o contratempo escolar, “evitando que essas crianças fiquem sem assistência e aprendam na rua conceitos que não são da boa cidadania”, conta Maria Paula, adiantando que no período 2017-2018, o projeto atendeu cerca de 800 crianças e adolescentes por mês.