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Você sabe qual é a diferença entre migrante e refugiado? Segundo a Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), migrantes são pessoas que mudam de país em busca de melhores condições de vida, como oportunidades de emprego e educação. Os refugiados, por sua vez, saem de seu país de origem para fugir de conflitos armados e perseguições.
Em ambos os casos, quando chegam em outro local essas pessoas precisam se adaptar a culturas e hábitos distintos dos seus. Para auxiliá-los nesse desafio, o coletivo Educar para o Mundo (EPM), formado por estudantes da USP, em São Paulo, propõe-se a realizar atividades voltadas a essas populações.
Entre as ações estão oficinas e debates promovidos em escolas com grande quantidade de alunos que mudaram, de país ou região, para a cidade de São Paulo. As atividades buscam abordar cinco eixos: cultura, narrativas pessoais, identidade, fronteiras e direitos humanos.
A escolha por se dedicar a esses temas e comunidades existe desde o início do coletivo, quando ainda era um projeto conduzido pela professora Deisy Ventura. Docente do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, na época, ela buscava estudar Direito Internacional por meio da atividade.
Mais tarde, a ideia foi apoiada por estudantes do Centro Acadêmico Guimarães Rosa, também do IRI, que passaram realizar atividades socioeducativas e culturais junto a comunidades de migrantes e refugiados.
Atualmente, o grupo é independente e autogestionado. Ou seja, os membros que o compõem não possuem cargos de hierarquia. O motivo? Princípios da pedagogia de Paulo Freire. É o que conta Bárbara Godoy, aluna do IRI e participante do EPM. “Para nos guiar, usamos, principalmente, um dos livros mais famosos de Freire. Pedagogia da Autonomia, que envolve a libertação do indivíduo no processo de educação.”
Ela destaca que o grupo age seguindo grandes “guarda-chuvas”: direitos humanos, autonomia e educação em direitos humanos. As ações mais recentes ocorreram, em junho, na EMEF Duque de Caxias, localizada no bairro Glicério, em São Paulo.
Os temas das oficinas são diversos, como fronteiras, comparando mapas e discutindo como as linhas foram demarcadas, e se elas seguiram a geografia do território ou foram impostas de maneira arbitrária. A partir dessa discussão, o coletivo divide os alunos em grupos para a realização de conversas.
“Apesar de nos últimos três semestres voltarmos a atuar junto a alunos do ensino básico, já tivemos participações em conferências internacionais e em fóruns públicos”, recorda Moisés Rodrigues Paiva Silva, membro do EPM.
Assuntos jurídicos não são somente tratados em conferências pelo grupo. Eles explicam como funcionam algumas instituições no Brasil, por exemplo, o papel da Polícia Federal, do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), como o imigrante, ou refugiado, pode conseguir registro nacional de estrangeiro no País.
Conversas sobre a situação das populações migrantes também ocorrem na Universidade. “Já promovemos debates na USP porque entendemos que antes de sair dos ‘muros da Universidade’, a gente tem que se conhecer, debater e desconstruir algumas ideias”, reconhece Moisés Silva.
Experiências Marcantes
Ele e a Bárbara relataram vivências trazidas pela atuação no coletivo. Ambos, passaram a fazer parte do grupo no primeiro ano de graduação. Depois de terem assistido à apresentação de entidades do IRI, se identificaram com a causa e decidiram contribuir.
Para Bárbara, foi transformador poder enxergar os migrantes como as pessoas que são:
Moisés Silva fala sobre momentos inesquecíveis vividos por meio de trocas de experiência:
Ele também ressaltou que qualquer pessoa pode participar do EPM. O coletivo costuma se reunir toda quinta-feira, no Instituto de Relações Internacionais da USP, localizado na Av. Professor Lúcio Martins Rodrigues, Travessa 4, s/nº, na Cidade Universitária, em São Paulo, entre às 17 e 19 horas.
É possível entrar em contato pela página do Facebook. “Um dos nosso motes é ‘nenhum ser humano é ilegal’. A gente gostaria muito que as pessoas trabalhassem conosco para também descobrir isso.”