Quase todo mundo já sonhou em viajar para além dos limites da Terra e, com as recentes notícias sobre empresas oferecendo viagens espaciais, essa realidade pode não estar tão distante. A possibilidade de turistas comuns viajarem ao espaço surgiu a partir da corrida espacial e o desenvolvimento da tecnologia necessária para isso. “Até o ano 2000, esse sonho foi restrito a cerca de 600 astronautas profissionais que cruzaram a linha de 100 km de distância do planeta Terra”, diz Lúcia Silveira Santos, doutoranda em Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP.
Um ano depois, em abril de 2001, o bilionário americano Dennis Tito pagou US$ 20 milhões para passar uma semana na Estação Espacial Internacional, tornando-se não apenas a primeira pessoa a gastar seu próprio dinheiro para ir ao espaço, mas também o primeiro astroturista do mundo. Desde então, avanços significativos na tecnologia espacial permitiram que empresas privadas começassem a oferecer viagens ao espaço para turistas comuns. Entre as que oferecem viagens espaciais orbitais e suborbitais estão a Space-X, fundada por Elon Musk, a Blue Origin, de Jeff Bezos, e a Virgin Galactic, de Richard Branson.
No caminho das estrelas
Em 2021, as três empresas fizeram viagens com civis entre seus tripulantes e levaram 18 pessoas para passear no espaço. “A parte incrível dessa aventura é poder flutuar em gravidade zero, ver a curvatura da Terra, presenciar um nascer ou pôr do sol do espaço, além de contemplar um céu estrelado sem interferências”, diz Lúcia.
Os astroturistas, porém, têm de passar por treinamentos e exames antes da viagem, para garantir que estejam preparados para os efeitos da gravidade e quaisquer outras eventualidades. O tempo passado no espaço também é um problema: quanto maior o período, maior a exposição à radiação, à possibilidade de perda osteomuscular, aumento da estatura, aumento de inflamações e até mesmo alterações no sistema circulatório. Esses efeitos já são constatados em astronautas que passam longos períodos no espaço, mas não se sabe ao certo se aconteceria a mesma coisa em viagens de poucos minutos.
O futuro do turismo
Ainda assim, há grande procura por esse tipo de viagem. A Virgin Galactic oferece passagens em torno de US$ 450 mil, mais de R$ 2 milhões, e mesmo assim a empresa afirma ter uma lista de espera de 2.500 clientes para seus apenas 90 minutos de experiência no espaço. “Essa é uma indústria emergente que está abrindo portas para um futuro em que o espaço não será mais exclusividade dos astronautas”, diz a doutoranda. É esperado que o turismo espacial cresça nos próximos anos, com a oferta de passagens mais baratas e aeronaves mais seguras, aumentando ainda mais o fluxo de astroturistas.
*estagiária sob supervisão de Cinderela Caldeira