Vacina para covid-19 e saúde ocular

Eduardo Rocha comenta aqui um estudo que aponta que as pessoas vacinadas contra a covid-19 tiveram maior risco de sofrer doenças vasculares da retina do que aquelas que não foram vacinadas

 07/06/2023 - Publicado há 1 ano

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Um estudo publicado no mês passado comparou a incidência de problemas vasculares da retina entre pessoas que receberam as vacinas contra covid-19 entre 2020 e 2022 e encontrou maior incidência de eventos vasculares, com potencial risco para a visão, em pessoas vacinadas, conforme publicado por pesquisadores de Taiwan e também da Califórnia (Li, J et al, NPJ Vaccines 2023) (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37130882/).

Segundo Eduardo Rocha, foi constatado um aumento na frequência de problemas de saúde, inclusive oculares, com o relato de uma série de casos. O estudo traz dados de uma população atendida por planos de saúde, que inclui mais de 95 milhões de indivíduos, e uma análise retrospectiva de mais de 7 milhões de prontuários, o que permitiu separar 800 mil vacinados com dois tipos de vacinas disponíveis a esses indivíduos na época e comparar com 6 milhões de pessoas não vacinadas. Ao separar dos dois grupos aqueles que tinham outros fatores de risco para doenças de retina, como doença ocular prévia, uso de outras medicações de risco, ter tido covid-19 , chegou-se a grupos homogêneos dos dois lados, vacinados e não vacinados, de cerca de 700 mil pessoas em cada grupo e o resultado principal foi que o risco de doenças vasculares da retina foi o dobro entre os vacinados.

Rocha frisa, porém, que, no auge da pandemia, quase 20 % da população geral foi atingida, com o índice de letalidade chegando a ser entre 2% a 4 % dos acometidos. Assim, a vacinação em massa para conter a propagação e proteger os mais vulneráveis e restabelecer a rotina da vida diária foi muito importante. Por outro lado, eventos vasculares da retina são bem menos frequentes, acometendo cinco em cada mil pessoas, e ainda que tenham potencial de gravidade para a visão e possam ser tratados, o dobro desses eventos em um grupo é um sinal de alerta de que algo precisa ser melhorado. “Mas não desqualifica o esforço de vacinação.”

Ainda segundo o colunista, o estudo é muito bem-feito, está em uma revista conceituada e passa a ser uma oportunidade para novas pesquisas. “Por enquanto, temos a informação que dois tipos de vacina para covid-19 aumentaram a frequência de doenças vasculares da retina, indistintamente entre homens e mulheres, independentemente da idade ou etnia. A ciência aqui foi feita com qualidade e bem divulgada, um bom exemplo de ajuda para melhorar a informação e qualidade de vida.”


Fique de Olho
A coluna Fique de Olho, com o professor Eduardo Rocha, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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