Situação epidemiológica está controlada, mas covid-19 continua preocupando especialistas

A evolução viral e a alta transmissibilidade são fatores que contribuem para a permanência de dúvidas sobre a formulação de um esquema vacinal concreto; ponto de inflexão da pandemia pode estar próximo

 07/02/2023 - Publicado há 2 anos
A vacina continua sendo a grande arma contra a covid – Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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A pandemia de covid-19, que assola o globo há três anos, ainda preocupa especialistas no País, em um momento em que a situação epidemiológica está sob controle. Dados do governo confirmam que, desde ontem (6), são quase 10 mil novos casos e 79 óbitos no Brasil. No mundo, foram contabilizados, no dia 5, 100 mil e 800 novos casos e 560 óbitos. 

Essa preocupação decorre do fato de variantes e subvariantes – como a XBB.1.5, subvariante da ômicron, que causou o recente pico nos casos – ainda estarem em circulação e aparecendo a cada dia. A baixa vacinação em algumas faixas etárias, notavelmente entre os mais jovens, também é um fator de alerta. 

O primeiro caso de covid-19 no Brasil foi confirmado no dia 26 de fevereiro de 2020, em São Paulo. Desde lá, o País viveu momentos sombrios, de fechamento de escolas, mudança do regime de trabalho presencial para o on-line e muitas mortes. Agora, a situação está controlada. “Acho que nós estamos no ponto de transição para a fase endêmica, mas ainda permanecemos na situação pandêmica”, prevê o professor Eliseu Waldman, do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP. Por isso, a situação ainda merece cuidado.

Estamos protegidos?

Waldman traz à luz um ponto determinante da pandemia até o momento: a grande variação sazonal definida em qualquer situação viral que, por conta da alta circulação, tem ocasionado o surgimento de um grande número de variantes. “E essas variantes, quando têm características de alta transmissibilidade, determinam epidemias”, ele explica.

Eliseu Waldman
– Foto: Researchgate

Mesmo sendo epidemias de menor intensidade, causam preocupação. Isso porque, mesmo que uma parcela menor da população desenvolva casos graves e, posteriormente, venham a óbito, a meta é evitar todo tipo de sofrimento, o que justifica a preocupação e a manutenção do estado de emergência pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O epidemiologista pontua que essa diminuição decorre do fato de grande parte da população ter imunidade. 

Ele ainda diz que “agora os dados sugerem que a gente está num ponto de inflexão, provavelmente no correr deste ano a gente terá uma diminuição contínua de casos de óbitos. Mas vai depender muito das características das variantes que surgirem”.

Vacinação

A vacinação com a vacina bivalente da Pfizer, que protege contra o vírus original, a variante ômicron e suas subvariantes, deve começar a ser aplicada no dia 27 deste mês, de acordo com a nova campanha de vacinação do Ministério da Saúde. A vacina chega em um momento em que mais de 19 milhões de pessoas não completaram o esquema vacinal contra a covid-19. 

“A vacina continua sendo a grande arma contra a covid”, diz Waldman. Segundo ele, a meta é de 95% a 100% de cobertura para a diminuição dos casos graves e óbitos. Atualmente, a preocupação do Ministério é com a cobertura básica, que é baixa nos jovens. “Agora, nós precisamos incentivar a adesão da população à vacina. Ainda que a gente tenha conseguido taxas acima da média mundial, elas estão aquém do desejável”, lembra. 

Situação epidemiológica

A situação epidemiológica está melhor, mas o vírus ainda circula. A tendência, segundo o professor, é de uma dose anual, algo que o Ministério da Saúde já planeja fazer. A estratégia de vacinação para covid-19, porém, ainda é incerta e existem dúvidas a seu respeito. 

A característica de transmissão respiratória e as variantes têm determinado a distribuição da doença durante o ano todo, diferente do que acontece com a influenza, por exemplo. Geralmente a população vacinada no pico tem bons níveis de anticorpos, mas, no caso da covid, não há essa certeza. 

A estratégia vacinal não está determinada, ainda, por conta do comportamento do vírus e da composição da vacina. “A grande vantagem da bivalente é que ela traz na sua formulação cepas da variante ômega, portanto, uma vacina com maior semelhança com o vírus que mais circula na atualidade”, diz Waldman. Para isso, é necessário aguardar o comportamento da doença na fase endêmica. “Tudo indica que vai predominar também no inverno”, finaliza o professor. 


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